Arlindo Landolfi vai comandar a cidade nos próximos meses, mesmo após pressão por renúncia

O vice-prefeito de Terenos, Arlindo Landolfi (Republicanos), vai ser empossado na chefia do Executivo Municipal na manhã desta sexta-feira (12). O prefeito Henrique Budke (PSDB) está preso desde terça-feira (9) e pediu afastamento na quinta-feira (11).
A solenidade será às 11h na sede da prefeitura. Em seguida, Arlindo deve fazer o primeiro pronunciamento como prefeito em exercício à imprensa.
Arlindo Landolfi Filho tem 46 anos e é médico. Natural de Ponta Porã, disputou o primeiro cargo público em 2024, como vice na chapa de Budke.
Antes, às 8h, o presidente da Câmara Municipal, Leandro Caramalac (PSD), também deve se pronunciar. Ele se manteve em silêncio nos últimos dias, desde a deflagração da Operação Spotless.
Vice-prefeito foi pressionado a renunciar
Na quinta-feira (11), ganharam força os rumores de que o vice-prefeito de Terenos, Arlindo Landolfi (Republicanos), foi pressionado a renunciar. Isso levaria o presidente da Câmara Municipal, Leandro Caramalac (PSD), a assumir a prefeitura.
Leitores do Jornal Midiamax afirmaram que circulam na cidade rumores sobre a pressão para renúncia de Arlindo. O deputado federal e ex-prefeito de Terenos, Beto Pereira (PSDB), teria se reunido com o vice-prefeito e o presidente da Câmara na quarta-feira (10) — um dia após a operação com prisão de Budke.
Na ocasião, o deputado supostamente teria pressionado o vice, do Republicanos, para entregar o cargo e possibilitar a ‘escalada’ do presidente da Câmara até o Executivo. O Jornal Midiamax tentou contato com o deputado federal por diversas plataformas, devidamente documentados, para esclarecimento da suposta situação.
O presidente do Republicanos em Terenos, Professor Celso, afirmou que o vice-prefeito Arlindo foi sondado para renunciar ao cargo. Contudo, garantiu que o Republicanos irá assumir o Executivo.
“Sei sim que o vice-prefeito foi sondado para essa possibilidade e disse não, quer assumir o cargo de prefeito. Isso faz parte do jogo político, a gente sabe disso”, avaliou.
Celso afirmou que “o partido Republicanos de Terenos não concordaria com uma renúncia”. Então, esclareceu que o cenário seria possível apenas se o “vice-prefeito tivesse algum problema de saúde muito sério que o impedisse de assumir, mas não é o caso, ele mesmo quer assumir”.
Já o presidente estadual, Antônio Vaz, comentou que não conversou com o vice eleito pelo partido. “Estou em São Paulo, e não tive a oportunidade de falar com ele”.
Operação do Gaeco em Terenos prende prefeito
A Prefeitura de Terenos foi alvo de devassa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) nesta terça-feira, 9 de setembro.
Foram expedidos 16 mandados de prisão, além de 59 mandados de busca e apreensão em Terenos, Campo Grande e Santa Fé do Sul (SP).
Veja a lista parcial de presos:
Henrique Wancura Budke, prefeito de Terenos
Arnaldo Santiago, empresário
Eduardo Schoier, empresário
Fábio André Hoffmeister Ramires, policial militar e empresário
Fernando Seiji Alves Kurose, empresário
Genilton da Silva Moreira, empresário
Hander Luiz Corrêa Chaves, empresário
Nadia Mendonça Lopes, empresária
Orlei Figueiredo Lopes, empresário
Sandro José Bortoloto, empresário
Sansão Inácio Rezende, empresário
Valdecir Batista Alves, empresário
Prefeito de Terenos chefiava esquema de fraude em licitação
Henrique Budke é apontado como líder da organização criminosa alvo da Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), nesta terça-feira, 9 de setembro.
A investigação apontou que o grupo liderado por Budke tinha núcleos com atuação bem definida. Servidores públicos fraudaram disputa em licitações, a fim de direcionar o resultado para favorecer empresas.
Os editais foram elaborados sob medida e simulavam competição legítima. Somente no último ano, as fraudes ultrapassaram os R$ 15 milhões.
O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, bem como aceleravam os processos internos para pagamentos de contratos.
A Operação Spotless foi deflagrada a partir das provas da Operação Velatus, que foi realizada em agosto de 2024. O Gaeco e Gecoc obtiveram autorização da Justiça e confirmaram que Henrique Budke chefiava o esquema de corrupção.
Spotless é uma referência à necessidade de os processos de contratação da administração pública serem realizados sem manchas ou máculas. A operação contou com apoio operacional da PMMS (Polícia Militar de MS), por meio do BPCHq (Batalhão de Choque) e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).