Região vinha sendo palco de confrontos de drusos, beduínos e forças de segurança, com um balanço de mais de 500 mortos

Síria retira tropas de zona de guerra após trégua com drusos
Região vinha sendo palco de confrontos de drusos, beduínos e forças de segurança, com um balanço de mais de 500 mortos / Foto: Reprodução/YouTube

O governo da Síria retirou nesta quinta-feira, 17, suas tropas da Província de Sweida, após dias de confrontos com grupos paramilitares da minoria drusa. A retirada ocorreu após um acordo de cessar-fogo acertado na quarta-feira, 16.

O presidente sírio, Ahmed al-Sharaa, anunciou que delegaria a segurança em Sweida para “grupos locais” drusos. Ele afirmou que o país estava diante de duas opções: uma “guerra aberta” com Israel, ao “custo dos cidadãos drusos”, ou permitir que os líderes religiosos “retornem à razão e priorizem o interesse nacional”. “Não temos medo da guerra; nossa história está repleta de batalhas em defesa do nosso povo, mas escolhemos o caminho que coloca o bem-estar dos sírios acima do caos e da destruição”, disse.

Nos últimos dias, a região vinha sendo palco de confrontos de drusos, beduínos e forças de segurança, com um balanço de mais de 500 mortos desde domingo, segundo a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). O cessar-fogo foi alcançado com mediação de EUA, Turquia e países árabes.

Os combates ameaçaram a transição política pós-guerra da Síria e trouxeram mais intervenção militar pelo vizinho Israel, que na quarta-feira atingiu a sede do Ministério da Defesa Sírio, em Damasco. O governo israelense disse que havia atacado para proteger a minoria religiosa drusa.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu ontem manter o sul da Síria desmilitarizado e proteger a comunidade drusa, que tem uma população considerável em Israel, com direito a voto e servindo ao exército. O premiê afirmou que o cessar-fogo foi alcançado por causa dos intensos ataques de Israel às forças sírias.

Um comandante militar turco disse ontem que o chanceler e o chefe da inteligência do país tiveram uma série de contatos diplomáticos e de segurança para encerrar os confrontos. Eles trabalharam com o enviado especial dos EUA para a Síria, Israel, e líderes regionais, incluindo o líder druso libanês Walid Jumblatt.

Violência
A escalada na Síria começou com sequestros e ataques mútuos entre as tribos beduínas sunitas e facções armadas drusas. As tropas governamentais entraram em confronto com as forças paramilitares drusas, mas também, em alguns casos, atacaram civis.

Vídeos nas redes sociais mostraram forças governamentais e aliados humilhando clérigos e residentes drusos, saqueando casas e matando civis escondidos dentro de suas casas.

O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, disse ontem que houve “sérias alegações de execuções extrajudiciais e assassinatos arbitrários”, bem como relatos de saques, civis submetidos a “tratamentos humilhantes” e mutilação de cadáveres. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.