O atraso salarial atinge cerca de 4 mil trabalhadores de diversos setores da Santa Casa

Meses após a última paralisação, profissionais da saúde da Santa Casa de Campo Grande suspenderam parcialmente as atividades nesta terça-feira (9), devido ao atraso no pagamento dos salários. Pela manhã, funcionários de diferentes setores se reuniram em frente ao saguão do hospital para protestar e cobrar respostas sobre a previsão de pagamento.
Conforme o presidente do Sintesaúde (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul), Osmar Gussi, o atraso atinge cerca de 4 mil trabalhadores.
“Essa mobilização, infelizmente, tem se tornado rotina na Santa Casa. Assim que o pagamento cair, voltamos aos setores, mas até o momento não temos nenhuma posição. Estamos aguardando a presidente da Santa Casa iniciar o trabalho para buscarmos explicações sobre a situação”, afirmou.
Osmar Gussi Paralisação Santa Casa (Henrique Arakaki, Midiamax)
Segundo ele, a administração do hospital justifica que a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não realizou os repasses previstos até o 5º dia útil deste mês, que se encerrou na última sexta-feira (5).
“Não é nem uma decisão do sindicato, é a vontade dos trabalhadores. Vamos permanecer parados até depositarem os salários”, reforçou Gussi.
Apesar da mobilização, o sindicato garante que os serviços essenciais continuam em funcionamento. “Lavanderia, copa, cozinha e enfermagem seguem atendendo. A assistência não está desassistida”, pontuou.
Auxiliar de tapeceiro, Joventino Ribeiro ressalta que aderiu à paralisação como meio de pressionar a direção do hospital.
“Paramos devido ao atraso do pagamento desde sexta-feira, o quinto dia útil. Até agora não temos data, não temos previsão. Não tivemos respostas, por isso estamos parados”, disse.
O que diz a Santa Casa?
Em nota, a Santa Casa de Campo Grande comunicou que, até o momento, não efetuou o pagamento dos funcionários, em razão da não liberação dos recursos referentes aos serviços prestados à União, ao Estado e ao Município de Campo Grande.
“Tão logo os referidos valores sejam repassados, os pagamentos serão realizados de forma imediata”, disse.
O Jornal Midiamax solicitou informações sobre a falta de repasses à União, ao Estado e ao Município de Campo Grande, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.
Problema crônico
Paralisação Santa Casa (Henrique Arakaki, Midiamax)
Atrasos salariais são recorrentes na Santa Casa. Em janeiro, cerca de 1,5 mil profissionais da enfermagem protestaram contra o não pagamento dos salários de dezembro, que deveria ter ocorrido até 7 de janeiro.
Na ocasião, o então presidente do Sintesaúde/MS, Lázaro Santana, afirmou que o problema foi causado pela falta de repasses do governo estadual e da prefeitura de Campo Grande.
“Conforme os gestores, não havia previsão para pagamento. Eles relataram que não receberam recursos da prefeitura nem do Estado, e dependem desses repasses para quitar a folha”, disse Santana à época.
Superlotação
Dois meses depois, o hospital chegou a suspender o recebimento de novos pacientes devido à superlotação. O setor de urgência e emergência, projetado para 13 leitos, chegou a abrigar mais de 80 pacientes.
Na ocasião, a direção dos hospital afirmou em nota que, a superlotação gera sobrecarga em toda a rede de serviços e provoca escassez crítica de insumos.