Cerca de 100 índios estariam embrenhados em mata

Rumores de conflitos entre índios e fazendeiros mobilizam PF e Funai

A PF (Polícia Federal) e a Funai (Fundação Nacional do Índio), ambos de Ponta Porã, estiveram nesta quarta-feira (27) em uma região próxima a Paranhos, que fica a 477 quilômetros de Campo Grande, após rumores de conflitos entre índios e fazendeiros. De acordo com relatos obtidos pela equipe do Jornal Midiamax no local, 104 integrantes de aldeias envolvidas estariam ocupando uma área para retomada.

Apesar dos diversos rumores, o clima na cidade é tranquilo. A região em que os índios estariam realizando a tentativa de retomada fica entre as fazendas Tacuri e Triunfo. Ambas fazem parte da terra denominada Ypo’i e são próximas à fazenda São Luiz, que foi alvo de conflitos em 2009.

Na época, o grupo de indígenas foi atacado por um grupo de proprietários rurais e pistoleiros armados. Alguns dias depois, o corpo do professor indígena Genivaldo Vera foi encontrado em um córrego, nas proximidades da mesma fazenda, com sinais de morte violenta.

A área onde os índios estariam acampados é de mata fechada e, segundo relato de um integrante do grupo, chamado Ava Guarani, um total de 104 índios retomaram o local, porém 5 deles voltaram após uma investida da segurança de uma das fazendas.

Com informações de Ava Guaraçu, que fala somente Guarani e foi um dos 5 que voltou do acampamento, Ava Guarani relatou que os índios ocuparam a região entre terça e quarta-feira da semana passada. Ainda na semana passada, fazendeiros teriam ido até a ocupação e disparado contra os índios.

No momento, os índios que voltaram da ocupação estão preocupado com os 99 que ainda permanecem no local. Além das ameaças que estariam sofrendo, eles estão passando fome.

A reportagem do Jornal Midiamax esteve na entrada da Fazenda Tacuri, juntamente com a PF e a Funai, mas o local estava fechado e não foi possível fazer contato com proprietários ou funcionários.

A PF esteve em uma propriedade ao lado e informou que proprietário e funcionários disseram não saber de conflito e não ouviram disparos. A PF crê que são grupos dispersos de indígenas na região, sem liderança definida, para pressionar a Funai e Ministério da Justiça em Brasília na questão da demarcação de terra.

Ainda segundo a PF, fazendeiros da região estão tranquilos, aguardando definição de portaria de demarcação do Ministério da Justiça.

Em depoimento gravado em vídeo, Ava Guarani, traduz relato feito por Ava Guaruçu, um dos que voltou da ocupação. Cinco dos integrantes do grupo que quer retomar o local, voltam para as aldeias após o confronto que teria acontecido entre fazendeiros e os índios.

“É a nossa terra que ocupamos. Viemos saber quem vai se responsabilizar. “ueremos ficar em paz e não temos interesse em mexer no que é do fazendeiro, as coisas e no gado. Recebemos aquele local. É nosso. Há um cemitério indígena e nossos bisavós estão enterrados lá . Não vamos sair de lá”, declara.