O advogado de Ronaldinho Gaúcho, Sérgio Queiroz, afirmou à coluna que o ex-jogador não conhece ninguém com o nome de Marcos Silas, com apelido de GT.
Campeão mundial com o Brasil em 2002 e craque de times como Barcelona e Milan, Ronaldinho não é investigado, tampouco suspeito de algum crime, mas é citado em mensagens encontradas no celular do narcotraficante Marcos Silas Neves de Souza, o GT, pela PF na Operação Downfall.
O advogado de Ronaldinho Gaúcho, Sérgio Queiroz, afirmou à coluna que o ex-jogador não conhece ninguém com o nome de Marcos Silas, com apelido de GT.
A coluna não conseguiu localizar o advogado de Silas.
Prisão no Paraguai
Ronaldinho Gaúcho é conhecido nas redes sociais por seus diversos "rolês aleatórios" e dominou o noticiário em março de 2020 ao ser preso com seu irmão, Roberto de Assis, quando entrava no Paraguai com passaporte falso daquele país.
Ele ficou 32 dias preso antes de ir para a prisão domiciliar em Assunção, capital paraguaia.
As mensagens sugerem que, durante o tempo em que ficou detido, o jogador teria recebido benesses ofertadas por GT, à época foragido da Justiça por sua atuação no tráfico internacional de drogas.
A defesa de Ronaldinho nega que o jogador conheça Marcos Silas. "Em todos os lugares do mundo, o Ronaldo autografa camisetas. Impossível recordar se alguma dedicatória foi dedicada a alguém com o nome Marcos Silas GT", afirmou.
GT é apontado como um dos maiores traficantes da região Sul com atuação tão ampla que era visto por investigadores como um dos principais rivais do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraná.
Ele foi preso em 2021, quando tentava realizar uma cirurgia plástica para permanecer longe do radar das autoridades brasileiras.
Ao ser preso, GT estava com um celular. O material encontrado no aparelho resultou na Operação Downfall da Polícia Federal, que desarticulou um esquema de tráfico internacional de drogas por meio de portos do estado do Paraná.
Além de muitas conversas com integrantes da organização criminosa, a PF encontrou uma conversa de GT com um advogado.
O tema era a relação do narcotraficante com a camisa da seleção brasileira autografada por Ronaldinho.
O interlocutor do narcotraficante envia uma foto da camiseta canarinha, modelo de 2019, e pergunta se GT deu algum tipo de apoio a Ronaldinho Gaúcho.
Em um áudio, GT explica qual sua relação com o ex-jogador e com a camisa canarinha.
"Quando ele tava preso no Paraguai, cara, eu mandei lá onde ele tava, mandei lá churrasco, cerveja, com os esquemas que entra, certo que eles tavam tratando ele bem lá, mas como eu tinha um chefe que eu pago, aí o chefe lá mandou coisa minha lá. Aí eu já mandei duas camisetas e pedi para ele fazer uma dedicatória né", disse Marcos Silas ao advogado.
Ronaldinho, disse o narcotraficante na conversa, teria até ligado para ele de dentro da penitenciária onde estava no Paraguai. O alvo da PF diz ainda, na mensagem, que o objetivo era conhecer pessoalmente o jogador, mas que isso não foi possível.
"Até teve um dia lá que ele ligou lá, deu um oi e tal né. Só que não deu boa, eu queria conhecer ele pessoalmente uma hora e tal né, mas não deu muito boa ainda por enquanto", afirmou.
A camisa assinada, apontada pelo narcotraficante como moeda de troca pela ajuda a Ronaldinho na prisão, tem a dedicatória: "P/ Amigo GT".
Marcos Silas, o GT, ficou foragido da Justiça entre 2016 e 2021, quando foi preso pela Polícia Civil do Paraná em uma clínica de procedimentos estéticos.
O grupo liderado por ele, segundo a PF, foi responsável pelo envio de 5,2 toneladas de cocaína ao exterior entre 2019 e 2022. Parte dessa droga vinha com a marca GT, igual a que Ronaldinho assinou na camisa.
Segundo investigadores ouvidos pela coluna, GT é rival do PCC no Paraná e apoiava outros grupos que rivalizam com a facção paulista no Sul.
Informações coletadas pela PF mostram que, além do tráfico, o grupo liderado por ele é ligado a crimes como homicídios e corrupção de agentes públicos.
"Também se constatou o envolvimento de seus integrantes com diversos homicídios, distribuição de drogas para o comércio interno, fornecimento de armas de fogo e munições para subsidiar a guerra entre facções criminosas no litoral paranaense, corrupção de agentes públicos, entre outros delitos", diz a PF em documento da Operação Downfall.
Mensagens e depoimentos coletados pela PF na operação mostram que GT não só atua no tráfico, como possui um laboratório para produção de cocaína na Bolívia.
Outro Lado
"Por ser pessoa pública, o Ronaldo cumprimenta pessoas e autografa camisetas no mundo todo; sendo impossível conhecer ou reconhecer todos os milhões de fãs com que se depara", afirmou o advogado de Ronaldinho.
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Segundo o defensor, o ex-jogador assina e assinou ao longo da vida uma "quantidade infinita de camisetas, com e sem dedicatória."
"Em todos os lugares do mundo, o Ronaldo autografa camisetas. Impossível recordar se alguma dedicatória foi dedicada a alguém com o nome Marcos Silas GT", afirmou.
Sobre o suposto apoio enquanto esteve preso no Paraguai, o advogado disse que Ronaldinho "não recebeu ajuda de pessoa com o nome Marcos Silas."
"Ronaldo esteve acompanhado do irmão (Roberto) e foi assessorado presencialmente por este advogado e pelos advogados paraguaios contratados para o caso", afirmou.
"Repete-se: Ronaldo não conhece Marcos Silas. Não recebeu nada desta pessoa."