Ressuscitada por socorristas após sofrer afogamento, menina de 3 anos segue na UTI
Ação rápida de Bombeiros e Samu salvou criança vítima de afogamento. / Foto: Adilson Domingos / Jornal O Vigilante MS

Uma menina de 3 anos foi ressuscitada graças a ação rápida de socorristas do Corpo de Bombeiros e do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Dourados, a 228 quilômetros de Campo Grande, nesse final de semana. No sábado (20), a criança sofreu afogamento num açude localizado no quintal da casa em que mora com os pais, na zona rural do município. Ela segue internada na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados).

Moto socorrista no 2º Grupamento de Bombeiros Militar de Dourados, Allisson Petrini informou ter prestado os primeiros socorros à vítima. Na página pessoal que mantém no Facebook, o militar narrou os momentos de angústia e a emoção por ter feito parte do resgate que deu a essa criança uma segunda chance de viver.

DESLOCAMENTO RÁPIDO

Esse drama começou na manhã de sábado, quando a menina de apenas 3 anos entrou no açude sem que os pais vissem. Foram os próprios familiares que retiraram a criança da água, no quintal da casa localizada no Potreirito, a uma distância de aproximadamente 25 quilômetros do centro da cidade.

Quando soube do chamado, Petrini solicitou ao comando autorização para atuar no socorro. Embora duas unidades de resgate já tivessem sido enviadas, o moto socorrista foi acionado e partiu junto ao soldado Marcos Antonio Tomaz. No caminho, as duas motocicletas ultrapassaram as outras viaturas. Já na zona rural, foram guiadas por um familiar da vítima e venceram o lamaçal para chegar com rapidez ao local do afogamento. Daí em diante, somente o relato do militar pode dar a real dimensão do que aconteceu.

O PRIMEIRO CONTATO

“Devido a estrada lamacenta, os MOB´s (Moto Operacional Bombeiro) foram os primeiros a chegar ao local e eu fui o primeiro a ter contato com a vítima, que se encontrava a beira do lago, com certeza retirada por familiares, nesse momento no colo do avô, o clima estava muito tenso, todos chorando desesperados, me lembro de alguém que me pediu para fazer ela respirar novamente, pedi para o avô deixar ela aos meus cuidados, tirei o capacete, as luvas de motoqueiro, Nesse momento eu acionei o cronômetro de um dos meus relógios (eu uso dois, um em cada punho), e comecei a manobra de ressuscitação, realizando massagem cardíaca e respiração boca a boca, a pequena criança estava, gelada, cianótica, pupilas dilatadas, sem pulso, com ausência de movimentos respiratórios e conforme eu ia realizando a massagem muita espuma e conteúdo estomacal saia da boquinha e nariz da mesma, devido a aspiração de liquido, quando se afogou”, descreveu.

“Não desisti, continuei com as massagens e com a respiração boca a boca, na hora lembrei-me dos meus filhos que estão quase na mesma idade que a menina e falei baixinho ‘volta para tio, volta’, em seguida a UR chegou, comecei a revezar a massagem com o 3º SGT BM Joao Olimpio Martins e continuei fazendo a respiração boca a boca, enquanto isso outros integrantes da equipe (SD Adriene Ribas - Drika BM, SD Tomas e SD Janaina) já se preparavam para iniciar o transporte imediato da vítima para a unidade hospitalar, cheguei a cogitar de deixar minha moto na propriedade e voltar junto com a unidade de resgate, porém decidimos ir na frente abrindo o trânsito para facilitar e agilizar a passagem da UR”, relatou o militar.

CORAÇÃO VOLTOU A BATER

O dramático socorro continuou até que uma viatura do SAMU interceptou os bombeiros para auxiliar no resgate. “Já na unidade hospitalar, com o empenho de todos: médicos, enfermeiras, Bombeiros e SAMU, o coração da pequenina voltou a bater e por recompensa dos esforços, nas minhas mãos, olhei para o meu pulso, no cronometro marcavam mais de 45 minutos desde o primeiro contato com a vítima em óbito, da primeira massagem e respiração boca a boca, ela voltou literalmente nas minhas mãos”, celebrou o socorrista. “A equipe toda vibrou de emoção, me emocionei, abracei os companheiros de serviço (confesso que vi algumas lágrimas), lembrei-me dos meus filhos e agradeci a Deus pela profissão maravilhosa que me deu”.

A menina foi levada ao HV (Hospital da Vida). Ao sair, Petrini encontrou o pai da criança, segundo ele apreensivo a espera de notícias. “Sorri para ele e dei a notícia que tanto esperava, a pequenina havia voltado a vida, o mesmo levantou rápido, me abraçou, agradeceu, choramos juntos e eu lhe disse: ‘O melhor obrigado do mundo que eu poderia receber hoje, foi sentir na ponta dos meus dedos aquele coraçãozinho batendo novamente’”, narrou o militar, num post que motivou centenas de curtidas, compartilhamentos e comentários elogiosos.

Após o emocionante resgate, contudo, a criança precisou ser transferida para a UTI do HU-UFGD por causa do delicado estado de saúde, já que permaneceu por tempo excessivo em parada cardiorrespiratória. A reportagem do Jornal Midiamax aguarda resposta sobre o estado de saúde da menina.