A República Tcheca terá a partir de janeiro de 2017 uma unidade especial de analistas dentro do Ministério do Interior para lutar contra as notícias falsas, que, em sua maioria, procedem da Rússia.
"O objetivo é alertar a sociedade sobre informações que não estão baseadas na verdade e põem em risco a segurança interna do país", explicou Eva Romancovová, diretora do centro, ao jornal "Hospodarské Noviny", segundo entrevista publicada nesta quarta-feira (28).
O nome da nova unidade é Centro contra o Terrorismo e Ameaças Híbridas e seus 15 analistas verificarão a autenticidade de mensagens divulgadas nas redes sociais e em portais de internet pouco conhecidos.
A iniciativa é uma resposta do governo tcheco ao temor sobre a possível interferência de potências estrangeiras, sobretudo a Rússia, nas eleições legislativas previstas para outubro de 2017.
A República Tcheca não é o único país europeu a suspeitar que a Rússia poderia tentar interferir em suas eleições. O governo da Alemanha também teme um campanha russa de desinformação nas eleições gerais de 2017. A União Europeia (UE) tem um site próprio (o "euvsdisinfo.eu") e contas no Twitter e Facebook para denunciar campanhas russas de desinformação.
Em declarações recentes, o ministro tcheco do Interior, o social-democrata Milan Chovanec, afirmou que a difusão de informações falsas "põe em risco a estabilidade e segurança da sociedade tcheca".
Segundo Chovanec, o resultado desta propaganda é que uma parte da opinião pública tcheca acredita que os Estados Unidos estão por trás da crise de refugiados e tem dúvidas sobre a defesa coletiva da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
No entanto, a iniciativa de criar uma agência contra as notícias falsas conta também com alguns críticos no país. Um exemplo é o presidente tcheco, o social-democratas Milos Zeman, que teme que a nova unidade contra a desinformação se transforme em censor.
"Se vamos continuar vivendo em uma sociedade livre e democrática, não precisamos de censura, não precisamos de uma polícia de ideias", manifestou o chefe de Estado tcheco, conhecido por suas posturas a favor da Rússia e críticas à UE. "É difícil, mas estamos diante de um papel que devemos desempenhar, o de desmentir informação que é falsa", respondeu Eva Romancovová.