Miller ainda qualificou como “repugnante” o tratamento que Moraes, em sua visão, aplicou ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e “repreensível” o que fez contra Filipe Martins, ex-assessor presidencial.

Em uma declaração contundente que ultrapassa os limites diplomáticos cotidianos, Jason Miller, conselheiro político do ex-presidente dos EUA Donald Trump, afirmou que não cessará esforços até que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “esteja atrás das grades”. O pronunciamento foi feito no último sábado (11) por meio da rede social X (antigo Twitter), em resposta a publicações do deputado Eduardo Bolsonaro.
Miller ainda qualificou como “repugnante” o tratamento que Moraes, em sua visão, aplicou ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e “repreensível” o que fez contra Filipe Martins, ex-assessor presidencial. “Não vou desistir até que o careca esteja atrás das grades e receba tudo o que merece!!!”, escreveu.
Contexto da disputa e das acusações
A controvérsia surge no contexto de uma investigação conduzida pela Polícia Federal no Brasil, na qual Filipe Martins figura como réu por suposta participação em tramas golpistas. Os acusadores afirmam que ele teria deixado o Brasil rumo aos EUA com a comitiva do então presidente Bolsonaro.
Na origem da troca de acusações, está uma movimentação da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP), que afirmou que Martins não ingressou legalmente nos Estados Unidos na data de 30 de dezembro de 2022 — argumento utilizado por Moraes para justificar sua detenção por seis meses. A agência americana disse ainda que Moraes teria se baseado em registros imprecisos e que investiga tais discrepâncias.
Em resposta, para Miller e aliados, tais posicionamentos configuram abusos de jurisdição e violações de direitos. Ele chegou a invocar recentes sanções impostas por Washington a Moraes por essas alegadas infrações.
Implicações domésticas e internacionais
A declaração de Miller eleva para outro patamar o conflito entre autoridades brasileiras e apoiadores externos de Bolsonaro. Ao promover ameaças abertas contra um membro do Supremo, acende alertas sobre:
Soberania institucional: um conselheiro político estrangeiro interferindo ou pressionando diretamente um ministro brasileiro ultrapassa a fronteira do debate interno;
Risco de escalada diplomática: o Brasil poderá reagir mediante nota formal ou respostas institucionais — especialmente se entendida afronta ao STF ou ao sistema judicial;
Exposição midiática internacional: posicionamentos públicos desse porte tendem a ser repercutidos globalmente, gerando críticas sobre a estabilidade institucional no Brasil.
Caminhos possíveis e limites jurídicos
Apesar do tom agressivo, a ameaça de “prisão” de um ministro passa por obstáculos práticos e legais profundos:
1. Foro e competência: ministros do STF só respondem a processos previstos constitucionalmente, com rito próprio e raro;
2. Soberania jurídica nacional: procedimentos de prisão de autoridades envolvem instituições brasileiras e não podem ser impelidos por pressão externa;
3. Contestação institucional: é provável que o STF, a Advocacia-Geral da União ou o próprio Poder Executivo reagirem interna e externamente a esse desafio.
Se Miller busca galvanizar apoiadores ou exercer retórica de força, há forte possibilidade de que o episódio termine reduzido a campo simbólico — salvo se houver movimentações concretas institucionais no Brasil que correspondam às ameaças.