Traficantes que levavam droga da Bolívia para o Nordeste, por rios do Pantanal, lavavam dinheiro com carros de luxo e mansões em Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Norte.

Polícia Federal barra rota pantaneira da cocaína

Chefões do tráfico de cocaína da fronteira com o Paraguai e a Bolívia, com destino ao Rio Grande do Norte e usando rios pantaneiros como rota, lavavam dinheiro com imóveis na praia, carros importados e empresas de fachada, como uma distribuidora e um centro de cosméticos e estética.  

A Polícia Federal passou três anos investigando a quadrilha, que levava a droga de Corumbá para Coxim por meio de embarcações nos rios Paraguai e Taquari. A partir da cidade do norte do Estado, a droga era levada para o Rio Grande do Norte e, em algumas vezes, entregue também em Fortaleza (CE).  

Em Corumbá e Ladário, os federais prenderam os responsáveis pelo transporte da droga e os gerentes da quadrilha. Os chefões moravam em Natal (RN). A operação foi denominada Paralelos 18/5, em função da localização geográfica de Corumbá e da capital potiguar.  

“Os principais líderes da quadrilha não têm nenhuma fonte de renda lícita para justificar a vida que levavam”, disse o delegado Cleo Mazotti, ao comentar o método que a quadrilha usava para esconder o dinheiro do tráfico: carros de luxo, imóveis e contas bancárias em nome de laranjas.  

Os mandados de prisão e de busca apreensão foram cumpridos ontem, em Campo Grande, Ladário, Ponta Porã, Anápolis (DF), Taguatinga (DF), Parnamirim (RN) e Natal (RN).  

Na ação policial, foram sequestrados quase R$ 3 milhões em imóveis e também foram suspensas as atividades das duas empresas usadas para lavar dinheiro. No decorrer das investigações, que começaram há três anos, foram apreendidos 257 quilos de cocaína.  

Dos sete mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal, dois não foram cumpridos. Em Ponta Porã, durante o cumprimento de um dos mandados, os federais apreenderam ainda mais droga: havia 150 quilos de maconha dentro de uma casa.  

PANTANAL

Mazotti ressalta que a quadrilha utilizava quase sempre – desde que as investigações tiveram início, em 2017 – a rota fluvial nos rios pantaneiros. Foram três embarcações apreendidas nesta quinta-feira (2). “São embarcações de pequeno porte”, explica.  

Durante a ação policial de ontem, foram apreendidos 21 veículos, a maioria deles de luxo, sendo dois da marca Mercedes-Benz, e também imóveis de alto padrão em Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Norte.