Estudos apresentados por Jurema Werneck e Pedro Hallal mostram que até 400 mil mortes por Covid-19 poderiam ter sido evitadas no Brasil.

A CPI da Pandemia ouviu nesta quinta-feira (24) o epidemiologista e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal, e Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta.
Durante a oitiva, Werneck ressaltou que a falta de investimento para adequar o sistema de saúde e a falta de uma liderança nacional para orientar a população de modo estratégico foram fatores que contribuiram para o Brasil ter mortes "acima do esperado".
Diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck -- que também é médica -- apresentou à CPI um estudo coordenado por ela. Segundo o levantamento, nas primeiras 52 semanas de pandemia no Brasil, houve 305 mil "mortes em excesso". Ainda de acordo com a médica, o país não teve medidas de controle da transmissão do vírus. Caso as devidas providências tivessem sido tomadas, haveria uma redução de 40% no potencial de transmissão do vírus.
Já o epidemiologista Pedro Hallal apresentou dados do estudo EPICOVID, que diz que quatro de cada cinco mortes pela Covid-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se o país tivesse seguido políticas adotadas por outros locais do mundo. Os dados já haviam sido apresentados à CPI pela microbiologista Natalia Pasternak.
"Quatrocentas mil dessas 507.240 mortes poderiam não ter aconteido se o Brasil estivesse na média mundial", disse Hallal.
Segundo o médico, embora o Brasil represente 2,7% da população mundial, o país registra 12,9% das mortes por Covid-19 no mundo. "Ontem, uma de cada três pessoas que morreram por Covid no mundo foi no Brasil", ressaltou.
Ainda de acordo com Hallal, a demora na compra de vacinas levou a pelo menos 95,5 mil mortes que poderiam ter sido evitadas. No entanto, outras pesquisas apontam que esse número pode ser ainda maior: 145 mil vidas poderiam ter sido salvas.
Os depoimentos estavam previstos inicialmente para a sexta-feira (25), mas foram antecipados pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). Com a decisão, a audiência do assessor do Palácio do Planalto Filipe Martins, prevista para esta quinta, foi adiada.