Estudos sobre controle químico foram realizados para combate a mosca-branca, percevejos e Spodoptera sp.

Pesquisa da Fundação MS aponta manejo de três importantes pragas na cultura da soja
Percevejo marrom é um dos insetos mais prejudiciais para a cultura da soja. / Foto: Fundação MS

O pesquisador do setor de Herbologia e Entomologia da Fundação MS, Me. Luciano Del Bem Júnior, apresentou, no Portal do Associado, relatórios sobre avaliação da eficácia de controle químico dos insetos Spodoptera eridania (lagarta das vagens), em plantas de soja com a biotecnologia Intacta, Bemisia tabaci (mosca-branca) e Euschistus heros (percevejo marrom). A pesquisa realizada na safra 20/21 identificou alguns inseticidas que apresentaram mais de 80% de eficácia no combate ao inseto correspondente.

Os trabalhos de pesquisa implantados no município de Maracaju, na cultura da soja, tiveram como objetivo elencar produtos que possuam maior eficiência no combate as pragas. Utilizando a metodologia de blocos casualizados com quatro repetições, foram testados 16 tratamentos para a mosca-branca, 28 para percevejo e 30 para a lagarta das vagens.

Encontrados com facilidade nas lavouras de soja, essas pragas são responsáveis por perdas significativas na produtividade da cultura. A fácil adaptabilidade desses insetos e a dificuldade de combate têm gerado preocupações em muitos produtores e a escolha assertiva dos produtos é essencial para o manejo.

O pesquisador destaca que o controle químico é somente parte do que deve ser adotado com o objetivo de reduzir as populações ao ponto de não causarem danos econômicos a cultura. Ações como o monitoramento correto da lavoura, a identificação das pragas, escolha do inseticida, bem como a dose utilizada, além de fatores operacionais, como a tecnologia de aplicação empregada posicionando o produto fitossanitário no alvo biológico, são fundamentais para o sucesso da empreitada. “O manejo de pragas na cultura da soja é uma atividade extremamente complexa e exige um elevado nível de conhecimento técnico acerca dos problemas presentes”, explicou Del Bem Júnior. 

Mosca-branca

O inseto é responsável pela transmissão de viroses que podem provocar baixo desenvolvimento e até levar a morte da planta. No estudo conduzido pelo pesquisador, com avaliações realizadas em períodos diferentes, alguns dos produtos testados possuíram eficácia de mais de 80%.

“Há dificuldades de controle desta praga por fatores como: a distribuição na face abaxial dos folíolos de soja, ciclo relativamente curto e rápido desenvolvimento de resistência”, destacou o pesquisador no documento.

A pesquisa apontou ainda que a produtividade foi elevada em 18,3%, com a utilização de nove tratamentos testados quando comparados à testemunha.

Spodoptera sp.

Por existirem diversas espécies do gênero Spodoptera, uma das grandes dificuldades dos produtores é realizar a diferenciação das lagartas. A identificação correta do inseto possibilita a melhor escolha dos produtos, permitindo maior eficácia no tratamento da praga e evitando danos diretos, como a raspagem de plântulas, e consequente redução do estande, até ataque às folhas, estruturas reprodutivas e vagens, comprometendo a produtividade da cultura.

Segundo o relatório apresentado, do total de produtos testados, somente nove inseticidas tiveram resultados superiores a 80% em, pelo menos, três avaliações. Apesar disso, é possível destacar que todos os tratamentos avaliados reduziram de alguma maneira a população do inseto, em comparação com a testemunha.

Percevejos

Com alta incidência na cultura da soja, os percevejos provocam lesões que reduzem a qualidade e a quantidade do grão e a doença conhecida como soja louca, ocasionando hastes verdes, abortamento das vagens e retenção foliar. Essa praga é considerada a que apresenta maior risco para a cultura causando grandes danos a partir da fase de formação das vagens até o final do desenvolvimento das sementes, comprometendo diretamente o potencial produtivo.

Com o intuito de possibilitar melhor compreensão da ação dos inseticidas e promover maior amplitude do estudo, o pesquisador propôs a realização do levantamento em três cenários diferentes: alta, média e baixa infestação do inseto.

Os resultados foram obtidos com avaliações em cinco datas diferentes após a aplicação dos tratamentos e apontaram que em casos de incidência alta de percevejos, quatro produtos testados apresentaram valores superiores a 80% em, no mínimo, três avaliações. O pesquisador mostra também que o número de inseticidas que tiveram efeitos satisfatórios em caso de incidência média de insetos aumentou para oito e esse número chega a 13 produtos quando há um número reduzido da praga.

Os resultados dos estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da Fundação MS são apresentados no portal do associado em diferentes formatos. Para ter acesso às informações, o produtor ou profissional da área deve fazer o cadastro, escolher o plano da assinatura e a forma de pagamento. Mais informações podem ser consultadas no endereço www.associadofms.com.br

A Fundação MS

A Fundação MS realiza trabalhos de pesquisa aplicada em 11 unidades em Mato Grosso do Sul, na safra e safrinha 2020/2021. Com atuação sempre pautada em demandas advindas dos produtores rurais, em um sistema de trabalho conhecido por 2D´s (Demanda e difusão), os pesquisadores realizam experimentos que visam o desenvolvimento, a produtividade e a qualidade dos produtos.

Através do Conselho Técnico-Científico (CTC) os problemas e desafios são levantados pelos membros, os pesquisadores elaboram protocolos de pesquisa que são levados ao campo. Após todo o manejo, colheita e tabulação dos dados, os resultados são apresentados em cada uma das unidades de pesquisa por meio de eventos promovidos pela Fundação MS: dias de campo, apresentações de resultados, no site, Portal do Associado e Showtec.

A Fundação MS também atua com parcerias e cooperações, testando eficiência, validação, posicionando e auxiliando no desenvolvimento de produtos que estão em fase pré-comercial ou já disponíveis no mercado, prestando serviços nas áreas de Manejo e Fertilidade do Solo, Fitotecnia Soja, Fitotecnia Milho e Sorgo, Herbologia/Entomologia e Nematologia/Fitopatologia.