O fato ocorreu na última sexta-feira (3) e, desde então, ele segue internado na Santa Casa, em Campo Grande.

Nascido e criado no pantanal sul-mato-grossense, Flávio Ricardo, de 28 anos, relata os momentos de terror que guardará em mente para o resto da vida e como sobreviveu ao ataque de uma onça, maior felino das Américas. O fato ocorreu na última sexta-feira (3) e, desde então, ele segue internado na Santa Casa, em Campo Grande.
Flávio foi transportado por helicóptero do Exército, que prestou apoio ao resgate coordenado pelo Corpo de Bombeiros. Ao chegar na Capital, por volta da meia-noite, recebeu o devido atendimento médico. Ainda agradecendo pelo milagre, a vítima conversou com o jornalista Paulo Cruz, que participa de expedições pantaneiras e conhecia a vítima.
‘Foi um milagre’, diz pantaneiro
“Foi um milagre. Foi Deus, tudo foi Deus, porque eu, eu imaginei que eu não ia sair dessa”, inicia. Na ocasião, Flávio e seu companheiro de lida cavalgavam pela Fazenda Milagre, quando se depararam com a carcaça de um animal morto. Nestes casos, é comum o pantaneiro verificar o que pode ter ocorrido, já que ali pode ser um animal da fazenda.
“Todo dia pegamos o cavalo e saímos para olhar um brejo que está secando, uma vez que está doente, aí estava eu e meu companheiro, daí ele saiu para um lado e eu para outro. Aí quando eu avistei uns urubus, cresci com isso já de pantaneiro, você vê um urubu, você já vai ver o que morreu, se é um cavalo, uma vaca, para você ficar ciente o que aconteceu”, contou.
Neste momento, já perto de uma moita e avistando os urubus, Flávio foi atacado pelo felino.
“Ela me atacou aqui na perna. Pulou na minha perna e me puxou de cima do cavalo. Aí quando ela me derrubou no chão eu só botava meu braço para proteger e empurrar e, com a outra perna, eu a chutava. Aí que chegou o meu companheiro, gritou com ela e os cachorros latiram e ela largou de mim e foi embora. Daí o meu companheiro ficou sem reação, porque ele me viu todo machucado, aí ele procurou primeiro me atender e o bicho foi embora”, relembra.
‘O bicho é rápido demais’, conta vítima de ataque
Naquele instante, os cachorros permaneceram ao lado dos trabalhadores. “Não teve momento e nem se tivesse com arma não teria momento de reagir, não tinha reação. Foi muito rápido, o bicho é rápido demais. E eu não estava esperando que a onça estaria lá embaixo. Se eu estivesse esperando nem lá eu chegaria”, comentou.
Flávio diz que acredita que a onça estava com alguma carniça por perto. “Não fomos lá depois para ver, porque eu já tive que vir para cá [hospital], mas, eu creio que ela estava com algum animal lá. Mas a gente foi procurar saber o que era porque às vezes é um cavalo, uma vaca de leite. Eu nunca tinha visto ela [onça]. A gente vê batida, pegada, mas assim, ficar frente a frente com ela foi a primeira vez. Eu pensava só em Deus, porque só ele para me tirar dali e eu acho que foi isso”, disse, complementando que “foi coisa de segundos, de cinco a oito segundos”.
Ao jornalista, Flávio conta que foi para a sede, cavalgando por cerca de meia hora, enquanto o seu colega foi caminhando com os cachorros. Ao chegar, sua esposa é quem deu os primeiros socorros, enquanto o atendimento médico iniciou após algumas horas. Na ala de traumas, Flávio precisou passar por cirurgias para a retirada de dentes do felino que ficaram em seu corpo.