Peru e Chile também estão relatando uma alta incidência", afirmou a diretora da OPAS.

OPAS afirma que luta contra pandemia deve incluir tratamento de doenças crônicas
Pessoas com diabetes têm duas vezes mais chances de ter doença grave ou de morrer devido à COVID-19. / Foto: EBC

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, disse na terça-feira (26) que a resposta à pandemia de COVID-19 na região das Américas deve incluir atenção às doenças não transmissíveis, uma vez que uma em cada quatro pessoas correm maior risco de desenvolver a forma grave da COVID-19 por ter problemas crônicos de saúde.

Ressaltando que os mais de 2,4 milhões de casos e mais de 143 mil mortes transformaram as Américas no epicentro da pandemia de COVID-19, Etienne disse em coletiva de imprensa que, "à medida que os casos continuam a aumentar em nossa região, os esforços para proteger pessoas com condições de saúde pré-existentes devem se intensificar".

Na América do Sul, "estamos particularmente preocupados com o fato de o número de novos casos notificados no Brasil na semana passada tenha sido o mais alto em um período de sete dias, desde o início do surto.

Peru e Chile também estão relatando uma alta incidência", afirmou a diretora da OPAS.

Para a maioria dos países das Américas, "ainda não é hora de relaxar as restrições ou reduzir as estratégias preventivas.

Agora é a hora de permanecer forte e vigilante e implementar medidas agressivas e comprovadas de saúde pública", alegou Etienne.

"Nunca vimos uma relação tão mortal entre uma doença infecciosa e doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Alguns dos dados são realmente alarmantes.

Especialmente para a nossa região, onde as DCNTs estão difundidas.

Precisamos de medidas preventivas agressivas para proteger as pessoas com diabetes, doenças respiratórias e cardiovasculares do novo coronavírus", disse.

Pessoas com diabetes têm duas vezes mais chances de ter doença grave ou de morrer devido à COVID-19 e 28% dos pacientes com câncer que contraíram o novo coronavírus vieram a óbito em comparação com 2% do total de pacientes, disse a diretora da OPAS, citando estudos recentes. Fumar também aumenta a chance de doença grave.

Medidas como ficar em casa, interrupções na prestação de serviços de saúde, bem como o medo de comparecer às unidades de saúde resultaram em visitas eletivas reduzidas e menor acesso à diálise renal, atendimento ao câncer e atrasos nos tratamentos de alta prioridade para pacientes com DCNTs.

Muitos profissionais de saúde que normalmente prestam atendimento a pessoas com doenças crônicas "foram redirecionados para a resposta à COVID-19, afetando adversamente o diagnóstico e tratamento oportuno dessas enfermidades", acrescentou Etienne.

Para a diretora da OPAS, o menor acesso ao atendimento devido a interrupções nos serviços de saúde "coloca os pacientes em maior risco de complicações e morte por doenças que sabemos tratar" e os sistemas de saúde devem encontrar maneiras de responder "ou seremos confrontados com uma epidemia paralela de mortes evitáveis de pessoas com DCNTs".

Antes da COVID-19, 81% de todas as mortes na região das Américas ocorreram devido a doenças crônicas não transmissíveis; 39% dessas mortes foram prematuras, ou seja, antes dos 70 anos.

Etienne explicou que é importante encontrar métodos seguros para fornecer cuidados clínicos essenciais para pessoas com essas enfermidades durante a pandemia.

"Muitos países, por exemplo, estão expandindo rapidamente a telemedicina, priorizando consultas agendadas para evitar salas de espera lotadas e fornecendo serviços de maneiras inovadoras".

Etienne disse que os países devem garantir que as cadeias de suprimentos de medicamentos essenciais para as DCNTs sejam protegidas e continuem funcionando de maneira eficiente, e que esses produtos sejam distribuídos às pessoas que deles precisam.

"Também devemos garantir o acesso oportuno ao atendimento de doenças crônicas, a fim de impedir que se tornem uma ameaça à vida.

A OPAS está trabalhando com os países da região e fornecendo orientação para ajudar a planejar e implementar essas medidas.

À medida que os casos continuam aumentando em nossa região, nossos esforços para proteger aqueles com condições pré-existentes devem se intensificar."