Federação Nacional dos Jornalistas destacou os ataques contra a impressa e o assassinato do jornalista Léo Veras.

O ano de 2020 foi o mais violento para jornalistas do Brasil, com Bolsonaro liderando ataques

 
O número de casos de violência contra jornalistas teve um recorde em 2020, foi o ano mais violento para os profissionais da imprensa desde 1990, quando a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) passou a contabilizar os índices de violência sofridos na profissão.

Segundo relatório, divulgado nesta terça-feira (26), foram registrados 428 casos de violência em 2020, número 105,77% maior que o já alarmante número de 208 ocorrências, registradas em 2019.

A Fenaj, em seu relatório, associa o alto número à “sistemática ação do presidente da República, Jair Bolsonaro, para descredibilizar a imprensa e à ação de seus apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas’”.

Situação que se agravou em 2020 devida a cobertura da pandemia do novo coronavírus que assolou todas as regiões do país. A descredibilização da imprensa foi a violência mais frequente.

Dos 428 casos, 152 (35,51%) foram de discursos que buscavam desqualificar a informação jornalística, destes, Bolsonaro foi responsável, sozinho, por 145 casos de descredibilização da imprensa.

Falas como “a mídia mente o tempo todo”, “a mídia é uma fábrica de fake news”, “vocês são lixo” e “TV Funerária”, referindo-se à empresas jornalísticas e a jornalistas foram repetidas diversas vezes, a maioria delas pelo próprio presidente.

Bolsonaro também foi responsável por outros 26 registros de agressões verbais, duas ameaças diretas a jornalistas e dois ataques à FENAJ, totalizando 175 casos, o que corresponde a 40,89% do total de casos.

O Centro-Oeste foi a região brasileira com maior número de atentados à liberdade de imprensa no de ano de 2020. Em números, o Centro-Oeste registrou, em 2020, 130 casos de violência contra jornalistas e ataques à liberdade de imprensa, totalizando 48,55% do total.

O Distrito Federal foi a unidade federativa campeã em números de casos, com 120 ocorrências (43,48%). Entre os casos registrados no Estado, um foi o assassinato do jornalista Lourenço Veras, conhecido como Léo Veras.

Léo Veras foi morto na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz divisa com a brasileira Ponta Porã. Ele atuava profissionalmente nas duas cidades e, em Ponta Porã era responsável pelo site Porã News, no qual denunciava o crime organizado na fronteira. Por isso, o caso é registrado.

Quem comete a violência
O presidente Jair Bolsonaro apareceu em primeiro lugar, como principal responsável pelos casos de violência cometidos em 2020. Foram 175 registros, que correspondem a 40,89% do valor total.

Logo depois estão os servidores públicos/dirigentes EBC, com 86 casos, que equivalem a 20,09%; depois políticos, com 39 casos, que equivale a 9,11%.

Em penúltimo lugar estão traficantes, caso onde se enquadra o assassinato de Léo Veras. Também foram registrados dois casos de violência cometida por jornalistas contra outros colegas de profissão.