Dados foram divulgados pelo Conselho Federal de Medicina.

De acordo com o levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina, Mato Grosso do Sul perdeu 350 leitos de internação hospitalar em oito anos. Do total, 305 são do Sistema Único de Saúde (SUS).
As reduções foram feitas ao longo desse período e revela um déficit drástico na saúde pública do Estado. No Brasil, o número ainda é mais impressionante. Ao todo foram 34,2 mil leitos de internação suspensos pelo País.
“Essa conta é a senha para distorções. Enquanto os gestores seguem fechando leitos em todo o País, milhares de brasileiros aguardam na fila do SUS para realizar uma cirurgia eletiva, conforme demonstrou estudo divulgado pelo no fim do ano passado”, criticou o presidente do CFM, Carlos Vital, em nota encaminhada à imprensa.
Segundo ele, as informações, que revelam o impacto do mau uso das verbas disponíveis e da má gestão administrativa do Sistema, serão encaminhadas para ciência e providências ao Congresso Nacional, Ministério Público Federal (MPU) e Tribunal de Contas da União (TCU).
ESPECIALIDADES
Entre as especialidades avaliadas, o setor de pediatria foi o que mais sofreu com os cortes no Estado após a redução de 112 leitos de internação nos oito anos que se passaram. Em segundo lugar vem os leitos cirúrgicos, com 68 a menos, seguido de obstétricos, clínicos, outras especialidades e diárias com reduções de 58, 49, 47 e 29 leitos respectivamente.
TENDÊNCIA MUNDIAL
Em relação ao déficit nacional, o Ministério da Saúde argumenta que a redução do número de leitos hospitalares segue uma “tendência mundial”, que se justifica pelo fortalecimento da atenção ambulatorial ou domiciliar. “Assim como no Brasil, o Reino Unido e o Canadá, que também possuem sistemas universais de saúde, fecharam leitos ao longo das últimas décadas. É preciso destacar, no entanto, que, diferentemente destes países, as políticas de prevenção e promoção à saúde no Brasil não conta com um financiamento adequado”, apontou o presidente do CFM, Carlos Vital.
Dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que, em 2015, apenas 42,8% do gasto total em saúde no Brasil teve a participação direta do Estado (União, estados e municípios). No Reino Unido e Canadá – países costumeiramente citados pelas autoridades como referências para as políticas de saúde do SUS –, as despesas públicas representam, respectivamente, 80,4% e 73,5% do orçamento total destinado à saúde.
ABAIXO DO IDEAL
Além disso, embora a OMS e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) não recomendem ou estabeleçam taxas ideais de leitos por habitante, observar-se que o Brasil também aparece com um dos piores indicadores quando comparado a outros países com sistemas universais.
De acordo com o relatório de Estatísticas de Saúde Mundiais da OMS de 2014 – quando foi apresentado o último dado disponível sobre leitos hospitalares –, o Brasil possuía 23 leitos hospitalares (públicos e privados) para cada grupo de dez mil habitantes. A taxa era equivalente à média das Américas, mas inferior à média mundial (27) ou às taxas apuradas, por exemplo, no Reino Unido (29), Argentina (47), Espanha (31) ou França (64).