Um médico que trabalha em uma unidade especializada de atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, saiu de férias, mas antes deixou preenchida a folha de frequência, como estivesse atendendo normalmente. Só que ele estava viajando, para fora do país.

A irregularidade foi constatada por promotores de Justiça durante vistoria feita na Clínica da Mulher, localizada no Jardim Água Boa, região sul da cidade. O fato ocorreu segunda-feira (29), mas só foi divulgado hoje (2) pelo Ministério Público.

De acordo com a assessoria do MP, os promotores de Justiça Etéocles Brito M. D. Júnior e Ricardo Rotunno estiveram na Clínica da Mulher e no PAM (Posto de Assistência Médica) para verificar o funcionamento das unidades e a rotina dos médicos e enfermeiros.

Na mesma unidade onde a ficha do médico em viagem estava integralmente preenchida, os promotores encontraram outras folhas de frequência sem nenhum tipo de assinatura ou controle de horário.

“Os documentos seriam preenchidos em um único momento, antes de encaminhar para a Secretaria de Saúde, o que indica a total falta de controle quanto à efetiva prestação de serviços médicos”, afirma o MP. Também foi encontrada uma lista de frequência totalmente preenchida, com os horários de entrada e saída dos médicos, mesmo antes de finalizar o mês.

Aos promotores de Justiça, a coordenadora da unidade disse que os médicos não comparecem todos os dias para atendimento e, quando vão, atendem um número determinado de pacientes e não cumprem o horário que deveriam.

“Outra situação relatada pela coordenadora foi a do médico urologista, que este não atende clinicamente nenhum paciente, apenas comparece à clínica para realizar os procedimentos cirúrgicos conforme sua disponibilidade particular”, afirma o MP.

PAM – No Posto de Assistência Médica, na Vila Industrial, os promotores de Justiça também encontram irregularidades no controle de ponto dos médicos. A lista de frequência já estava integralmente preenchida, com os horários de entrada e saída dos médicos até o dia 31/05/2017 – a diligência foi realizada no dia 29/5/2017.

“Foram localizadas, ainda, outras fichas do mês de maio que não continham nenhum tipo de assinatura ou controle de horário do médico, que seriam também preenchidos em um único momento, o que indica a total falta de controle quanto à efetiva prestação de serviços médicos”, afirma o Ministério Público.

Para os promotores de Justiça, essas constatações demonstram “total falta de organização da coordenação”, não só quanto aos pontos, mas também de outros documentos, que foram solicitados e não encontrados.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de Dourados foi procurada para falar sobre o caso, mas não se manifestou.