De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da Amazônia Legal, que engloba os nove estados da região Norte, é de aproximadamente 30,1 milhões de habitantes cerca de 20 milhões a menos do que o número proclamado pela primeira-dama.

Janja distorce a Amazônia com 50 milhões de habitantes e 300 línguas

Em discurso pomposo na COP30, a primeira-dama Rosângela da Silva (“Janja”) afirmou que a região amazônica abriga “quase 50 milhões de habitantes”, que “fala mais de 300 idiomas” e que compreende “400 povos indígenas”. Esses números, porém, não encontram sustentação nos dados oficiais a interpretação é simples: a narrativa política prevalece sobre a verdade factual.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da Amazônia Legal, que engloba os nove estados da região Norte, é de aproximadamente 30,1 milhões de habitantes cerca de 20 milhões a menos do que o número proclamado pela primeira-dama.

Já no tocante aos idiomas: o censo indígena de 2022 registrou 295 línguas nativas em todo o Brasil e não “mais de 300 só na Amazônia”, como declarado por Janja.

Quanto às etnias, a declaração de “400 povos indígenas” extrapola os dados oficiais que reportam 391 etnias reconhecidas no país.

O discurso, revestido de tom poético e emocional “Amazônia pulsa no peito de seus quase 50 milhões de habitantes” cai no campo da propaganda e da militância, e menos no da responsabilidade informativa.

Mais do que um deslize num discurso meio improvisado, trata-se de uma falha grave para quem representa o Brasil em evento global. Quando a autoridade pública abre mão da precisão em respeito aos fatos, a credibilidade nacional e internacional sofre. A floresta amazônica merece ser conservada, de fato, mas com transparência e seriedade não com números inflados ou retórica endeusada.

Poderia ter sido uma intervenção relevante no debate ambiental mundial. Em vez disso, ficou marcada por vícios de linguagem, exageros estatísticos e uma visão mais ideológica do que técnica. O Brasil merece mais do que slogans emocionais: merece compromisso com a verdade, com a soberania e com a real dimensão de nossa Amazônia.