Projeto deve ser executado em 22 meses e prevê o enterramento dos sistemas elétricos ao longo de 1,4 mil metros.

Inédita, rede subterrânea promete dar fim a emaranhado de fios no Centro

Aquele pandemônio de fios e cabos de energia, telefone, internet e o emaranhado de equipamentos que atualmente poluem o visual da Rua 14 de Julho, em Campo Grande, estão com os dias contados. A partir do lançamento das obras do Reviva Centro, nesta semana, será implantada uma moderna rede elétrica subterrânea na região. A exemplo de inovadores sistemas adotados em outras capitais brasileiras, “vai tudo para debaixo do chão”.

O "resumão" é do engenheiro eletricista Airton Faria Vargas, 71, que participou ativamente da elaboração do Reviva Centro. Os trabalhos foram iniciados na terça-feira (15) e contemplam a revitalização de dez quadras da Rua 14 de Julho, entre a Fernando Corrêa da Costa e a Avenida Mato Grosso.

“Uma das alterações previstas é a redução de três para duas vias da pista de rolamento. Com isso, iremos implantar um moderno sistema subterrâneo para acomodar toda a fiação e os equipamentos elétricos, que hoje são aéreos”, diz.

Do lado de fora, ficarão somente os mais de duzentos postes de iluminação pública, implantados a cada 12 metros ao longo da via. Neles, serão instaladas lâmpadas a 6 metros e 4 metros de altura, intercaladas, para que haja também iluminação nas calçadas.

O engenheiro ressalta que o projeto possui muitas particularidades, especialmente por incluir a conexão elétrica de cada comércio com a nova rede subterrânea.

“Gastamos muita 'sola de sapato', percorrendo todas as lojas, obtendo dados sobre os imóveis e desenvolvendo estudos individuais. Para os empresários não haverá alterações nem custos, já que tudo será executado pela Energisa", frisa, destacando a parceria da concessionária no processo.

Na fachada de cada comércio, serão implantados os chamados “prismas”, caixas de aço inoxidável onde será acomodada toda a fiação do local.

“Um dos grandes trunfos do projeto é sua tecnologia, que permite a expansão da rede subterrânea para outras ruas, outros bairros, sendo adaptável ao crescimento da cidade, sem grandes transtornos físicos”, detalha.

Ineditismo - Como é um projeto inédito em Mato Grosso do Sul, foi necessário buscar referências em outras regiões. Airton visitou redes subterrâneas em Campinas e na Rua Oscar Freire, em São Paulo, onde teve acesso às tecnologias da concessionária Eletropaulo.

O sistema já foi adotado no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Goiânia, mas atualmente é o único em construção no Brasil. Ele deverá ser apresentado em um seminário sobre redes subterrâneas no mês de junho, em São Paulo.

"É um trabalho transformador", conclui o engenheiro, que não esconde o carinho "pessoal" pela revitalização da 14 de Julho, rua em que nasceu no ano de 1947. 

Só na expectativa – Com as intervenções, espera-se que haja mais segurança, com aumento da iluminação pública, vantagem estética, facilidade na manutenção e menos quedas de energia, com maior proteção ao sistema elétrico.

Por isso, as transformações são ansiosamente aguardadas por comerciantes e consumidores. Gerente de um estabelecimento de joias e semijoias, Eva Pereira de Souza, 41, acredita que o novo projeto elétrico vai deixar o centro mais bonito e seguro.

“Vai acabar com essa bagunça de fio. De vez em quando estoura um transformador e ficamos sem energia. Sei que terá queda nas vendas durante a reforma, mas será por um bem maior", diz.

“Essa mudança é muito bem-vinda. A gente viaja para outras capitais e vê como a aparência é diferente. Era sonho antigo e muito necessário”, avalia o policial aposentado Aderades Ferreira dos Santos, 57.

O projeto compreende a intervenção urbana em uma extensão de 1,4 mil metros, tendo a redução da faixa de rolamento, ampliação de calçadas e ainda implantação de paisagismo no passeio público. A previsão de término das obras é de dois anos, com investimento estimado em R$ 50 milhões.