Imagens registradas por moradores mostram que homem foi atingido na cabeça por disparo de arma de fogo.
No início da madrugada deste domingo (16), o indígena Vicente Kaiowá e Guarani foi assassinado na Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I, em Iguatemi (MS). Imagens registradas por moradores mostram que ele foi atingido na cabeça por disparo de arma de fogo.
Segundo a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) de Ponta Porã, cerca de 20 pessoas armadas vindas de uma fazenda atacaram a comunidade, disparando por um longo período contra famílias e barracos.
A Funai afirmou que este é o quarto ataque registrado desde o dia 3 de novembro, destacando que o conflito tem origem fundiária que resultou na morte de pelo menos um indígena e deixou oito feridos.
A Fundação ainda informou que na manhã deste domingo (16), os invasores cercaram a área e destruíram barracos.
A Polícia Federal está no local acompanhando a situação, e o corpo do indígena foi liberado para o IML.
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) informa que o ataque ocorreu durante uma tentativa de retomada da área conhecida como Pyelito Kue, onde está localizada a terra indígena.
A Força Nacional de Segurança Pública já foi deslocada para o local, enquanto os feridos aguardam atendimento médico.
No início de outubro, o povo indígena Kaiowá e Guarani voltou a ocupar uma parte da Fazenda Cachoeira. Essa área fica dentro de uma Terra Indígena (TI) e perto da aldeia chamada Pyelito Kue.
Desde 2015, eles já ocupam 100 hectares da Fazenda Cambará, que também está dentro de uma TI maior, que foi oficialmente delimitada em 2013 e tem 41,5 mil hectares.
Ou seja, os indígenas estão retomando áreas que fazem parte de terras que eram usadas por fazendas.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, se manifestou nas redes sociais, afirmando que a morte de Vicente ocorre em meio à luta indígena pela defesa do território.
Ela destacou a necessidade de atuação firme do Governo Federal para coibir pistoleiros e proteger os povos indígenas, lembrando que processos de regularização de terras e demarcação são essenciais para garantir a segurança nas áreas ocupadas.
O Ministério dos Povos Indígenas manifestou em nota pesar pela morte do indígena após ataques de pistoleiros, em contexto de recente retomada realizada nos dias anteriores.
Confira abaixo a nota na íntegra:
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) manifesta profundo pesar pela morte do indígena Guarani Kaiowá na comunidade de Pyelito Kue, município de Iguatemi (MS), após ataques de pistoleiros, em contexto de recente retomada realizada nos dias anteriores. A equipe do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/MPI) do MPI, juntamente com a Funai, atua na situação, acionou os órgãos de Segurança Pública responsáveis e acompanha as ações dos órgãos do Governo Federal.
É inaceitável que indígenas continuem perdendo suas vidas por defender seus territórios. A morte de mais um indígena Guarani Kaiowá acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e visualiza a importância dos povos indígenas para a mitigação climática debatida na COP30, infelizmente evidenciando que não existe trégua na perseguição aos corpos dos defensores do clima.
O MPI se solidariza com a família, amigos e com toda a comunidade Guarai Kaiowá.