A Comissão é considerada a mais importante da Câmara.

Um grupo de 22 deputados americanos democratas divulgou uma carta nesta quarta-feira, 2, de apoio à deputada federal pelo PSOL Talíria Petrone. O texto, com críticas ao presidente Jair Bolsonaro, é mais um de uma sequência de manifestações contra o atual governo divulgadas por uma ala do Partido Democrata que vê no brasileiro ameaças antidemocráticas e xenófobas.
Desde a eleição em 2018, Bolsonaro é alvo de críticas de deputados do partido. Os questionamentos à política ambiental e de direitos humanos do governo brasileiro são feitos em cartas, resoluções e propostas de emenda que circulam no Congresso americano. Agora, com a eleição do democrata Joe Biden, as críticas de Bolsonaro feitas na Câmara dos Deputados podem reverberar mais facilmente na Casa Branca.
Os democratas americanos citam o Assassinato da vereadora Marielle Franco, as ameaças ao ex-deputado Jean Wyllys e a Talíria e dizem estar preocupados com a falta de proteção dada a parlamentares negros no Brasil. “Estamos preocupados com o repetido ataque a uma parcela dos eleitos já subrepresentada”, escrevem os deputados americanos. Talíria Petrone vem sofrendo ameaças e deixou o Rio de Janeiro recentemente com a filha, para se proteger.
“É completamente inaceitável que autoridades eleitas em uma democracia não possam cumprir seus mandatos por causa de ameaças a eles e a seus parentes. Pedimos uma investigação completa e imparcial sobre essas ameaças, para identificar e processar os responsáveis”, escreveram os parlamentares.
“As tentativas do presidente Bolsonaro de dividir o povo brasileiro contribuíram para um aumento na violência política durante as eleições locais de 2020”, afirmam os americanos.
“Como o presidente Bolsonaro continua a minar os direitos dos afro-brasileiros, mulheres, indivíduos LGBTQI+, povos Indígenas e outros, estamos vendo as forças do racismo, sexismo e homofobia perigosamente encorajadas no Brasil. É por isso que, desde o início da presidência de Bolsonaro, uma ampla coalizão de membros do Congresso dos EUA se manifestou contra e trabalhou para conter o apoio do governo Trump ao presidente Bolsonaro”, escrevem os deputados.
O texto é assinado por 22 deputados. Uma das signatárias é a deputada Deb Haaland, cotada para assumir a chefia do Departamento do Interior no governo Biden. Se for alocada como integrante do governo do novo presidente eleito, a hoje deputada deve levar a crítica a Bolsonaro para mais perto da nova Casa Branca.
Biden foi eleito com apoio das duas alas do Partido Democrata – a de centro e a progressista, na qual se encaixam os críticos a Bolsonaro. Para compor o governo, ele tem tentado fazer acenos aos dois grupos, em busca de uma composição política interna.