Todo poderoso mesmo atrás das grades de segurança máxima de um presídio federal, o chefão do Comando Vermelho voltou ontem a Campo Grande e colocou em risco o anonimato do filho, que trocou definitivamente o Rio de Janeiro por Campo Grande quando o pai cumpriu pena aqui pela primeira vez.

Filho de Fernandinho Beira-Mar teme exposição e pede para ser esquecido

Universitário, mesmo em uma cidade pequena, os dois sobrenomes comuns de um dos filhos de Fernandinho Beira-Mar impede que as pessoas façam a relação com o pai já condenado a 120 anos de prisão por assassinatos, tráfico de drogas e de armas.

Todo poderoso mesmo atrás das grades de segurança máxima de um presídio federal, o chefão do Comando Vermelho voltou ontem a Campo Grande e colocou em risco o anonimato do filho, que trocou definitivamente o Rio de Janeiro por Campo Grande quando o pai cumpriu pena aqui pela primeira vez.

Depois da transferência de Beira-Mar em 2010 para Mossoró, ele não teve dúvidas na hora de continuar em Mato Grosso do Sul. “A cidade é tranquila” justifica. Anos depois, passou no vestibular na área de Biológicas, na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e agora se considera campo-grandense.

Por questões de segurança, o rapaz pede para não ter o nome revelado. “Você sabe o que é ser filho do Fernandinho Beira-Mar?”, questiona. Com o peso de quem nasceu na mira de facções rivais, hoje o medo é maior por dois motivos, explica. “Tenho esposa e filho de 8 anos”.

Na faculdade, muita gente sabe quem é o filho de Fernandinho Beira-Mar, mas nos jornais a divulgação ganha outras proporções, adverte. “Não quero que falem do meu nome, de mim, da minha vida. Eu não tenho culpa de nada. O homem público é ele. Não quero ficar com medo de andar na rua”.

Sobre o retorno do pai, ele garante que nada muda na relação em família. “Ninguém sabia, é sigiloso, mas para mim não muda nada”, garante.

A família de Beira-Mar foi alvo em 2017 da operação Epístola, realizada pela PF (Polícia Federal). na época, a investigação mostrou que ele continuava a chefiar negócios que chegaram a movimentar R$ 9 milhões em vários Estados, incluindo Mato Grosso do Sul, por meio de bilhetes que enviava para familiares e advogados.

Assim como 4 irmãos, filhos de outros 2 casamentos, o rapaz que mora em Campo Grande chegou a ser preso, acusado de movimentar R$ 5,1 milhões nas contas de seus sogros e por atuar na administração de fazenda ligada ao grupo criminoso.

Em fevereiro do ano passado, o TRF 1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares e o acadêmico comparece bimestralmente à Justiça Federal de Campo Grande. A última vez foi em 9 de setembro. Para conseguir a liberação, a defesa destacou que nenhum dos demais investigados o mencionou em prática de ilícito. "Já provei que não tenha nada a ver com isso. Nunca fiz nada de errado", afirma o rapaz.

Beira-Mar já foi interno do presídio federal de Campo Grande entre 2007 e 2010. O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) informa que, por questões de segurança, não dá detalhes sobre transferência de presos. “Ressaltamos, no entanto, que transferências entre as unidades do Sistema Penitenciário Federal são rotina”. Ele chegou no começo da noite de quinta-feira.