Todos nós experimentamos ansiedade às vezes e ela pode inclusive ser útil em determinados momentos.

Falando de Ansiedade Infantil
Psicoterapeuta Luciane Sperafico / Foto: Reprodução

A Psicoterapeuta, mestre em Psicologia Luciane Sperafico explica um pouco mais sobre a Ansiedade infantil, que atualmente é um problema muito comum, porém poucos são os que procuram tratamento.

Estar ansioso significa sentir-se preocupado, nervoso ou temeroso. Quando você se sente ameaçado ou em perigo real, a ansiedade age como um sistema de alarme para mantê-lo longe do dano. Todos nós experimentamos ansiedade às vezes e ela pode inclusive ser útil em determinados momentos. Por exemplo, ficar ansioso antes de fazer um teste ou entrevista ou de falar em público pode servir como estímulo para nos preparamos melhor para essas ocasiões. Com as crianças não é diferente: elas têm medo e ansiedade com frequência.

A ansiedade passa a ser um problema quando se torna disfuncional e impede a criança de realizar tarefas simples, como dormir, brincar com outra criança ou ir à escola. Nesses casos, pode-se falar em transtornos de ansiedade, os problemas de saúde mental mais comuns entre crianças e jovens – 20% das crianças apresentam ou apresentarão algum traço ansioso. 

Definimos  “ANSIEDADE”

Sistema de resposta cognitiva, afetiva, fisiológica e comportamental complexo que é ativado quando eventos ou circunstâncias antecipadas são consideradas altamente aversivas porque são percebidas como eventos imprevisíveis, incontroláveis que poderiam potencialmente ameaçar os interesses vitais de um indivíduo.
Questões Centrais

- Como diferenciar medo e ansiedade?
Medo e ansiedade são evolutivos – parte de nossa herança biológica.

- Como determinar o que é uma reação normal e uma reação anormal?

1. O medo ou a ansiedade é baseado em uma suposição falsa ou raciocínio falho sobre o potencial para ameaça ou perigo em situações relevantes.

2. O medo ou a ansiedade realmente interfere na capacidade do indivíduo de enfrentar circunstâncias aversivas ou difíceis?

3. A ansiedade está presente durante um período de tempo prolongado?

4. O indivíduo vivencia alarmes falsos ou ataques de pânico?

5. O medo ou a ansiedade é ativado por uma variedade razoavelmente ampla de situações envolvendo perigo potencial relativamente leve?

Tipos de transtornos de Ansiedade

Existem alguns tipos de Transtorno de Ansiedade. Informar-se sobre cada um deles pode auxiliar os pais a detectá-los.
Transtorno de Ansiedade de Separação: As crianças podem ficar assustadas quando têm de se separar dos pais – geralmente quando começam a freqüentar a escola. É normal que crianças pequenas tenham medo de ficar com um desconhecido, mas elas conseguem adaptar-se facilmente. A criança com ansiedade de separação, contudo, tem dificuldade para se adaptar. Para ela, algo aparentemente simples como passar do quarto dos pais para um quarto separado pode ser um desafio.

Crianças com transtorno de ansiedade de separação podem:

*Recusar-se a ir à escola;
*Chamar muitas vezes os pais para irem para casa – muitas passam a urinar ou evacuar nas roupas;
*Chorar e se apegar a um professor;
*Fazer birras constantemente;
*Negar-se a ir para a cama à noite;
*Não comer;
*Imaginar que algo ruim poderá acontecer com os pais;
*Queixar-se de sintomas físicos antes, durante e após a separação;

Transtorno de Ansiedade Social (ou Fobia Social): Uma criança ou um adolescente com transtorno de ansiedade social experimenta muita preocupação e temor ao interagir com outras pessoas e fica ansiosa quando é (ou pensa que é) o centro das atenções. Essa criança ou adolescente tem um forte medo de se sentir constrangida e de que outras pessoas pensem mal dela. Aflige-se com coisas simples, como vestir a “roupa errada” ou falar algo inapropriado.

Crianças com transtorno de ansiedade social podem evitar diversas circunstâncias, dentre elas:

*Conversar com colegas ou adultos;
*Ir a eventos sociais como festas de aniversário;
*Falar ao telefone;
*Fazer apresentações em público;
*Freqüentar a escola;

*Comer em público;

*Usar banheiros públicos;

Fobias específicas: Crianças com fobias específicas têm medo excessivo de certas situações ou objetos. Seu medo é mais forte do que o perigo real representado por eles. Elas se esforçam para evitar o contato com o que temem.

Situações específicas:
*Pontes, transportes (andar de carro, voar em aviões), espaços fechados (elevadores, túneis);
*Ambientes: lugares escuros, tempestades, alturas, água;
*Animais: cães, aranhas, cobras, insetos (besouros, abelhas);
Fobias ligadas à saúde: injeções, agulhas, hospitais, consultórios odontológicos, vômito, asfixia;
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Crianças ou adultos com TAG apresentam preocupações freqüentes e difíceis de controlar com relação a diferentes aspectos da vida. Elas estão a todo o tempo imaginando possíveis perigos (“E se não der certo? E se eu não for capaz? E se acontecer isto? E se acontecer aquilo?”) E precisam de reafirmação constante (“Você tem certeza de que minha lição de casa está certa?”) São comumente descritas como inseguras e perfeccionistas.

Elas tendem a se preocupar com muitas coisas, tais como:
*Desempenho escolar;
*Fazer as coisas com perfeição;
*Opinião das pessoas a respeito delas;
*Catástrofes mundiais (desastres, doenças, guerras, fenômenos climáticos);
*Doenças (contrair AIDS, gripe suína, pandemia (Covid) ou padecer de câncer);
*Segurança e bem-estar dos entes queridos (família, amigos, animais de estimação);
*Segurança ou dano (roubo, acidente, morte);
*Finanças da família;
*Situações do dia-a-dia (o que vestir, para onde ir);
Transtorno do Pânico: Crianças ou adultos com transtorno do pânico têm ataques de pânico inesperados que incluem muitos sintomas físicos, tais como:
*Tontura
*Coração disparado
*Tremores
*Náusea ou dor de estômago
*Sudorese
*Falta de ar

Elas podem estar com medo de que algo ruim ocorra em decorrência do ataque de pânico. Temem, por exemplo, desmaiar, ficar loucas ou até mesmo morrer. Um traço distintivo do transtorno do pânico é o pavor de que ocorram novos ataques de pânico inesperados.

O que fazer?
Primeiramente, você, pai ou mãe, precisa observar se o seu comportamento está gerando a ansiedade em seu filho. Manter a calma quando seu filho está aflito por conta de uma situação ou evento é muito importante. “Pais ansiosos, filhos ansiosos”.

Portanto, ajude seu filho a enfrentar as situações que geram ansiedade. Afinal, tais circunstâncias o acompanharão por toda a vida. Muitas vezes, numa tentativa de proteger os pequenos, os pais se esforçam por evitar as situações e lugares que geram ansiedade nos filhos. Na verdade, deveriam ajudá-los a enfrentar os medos e, assim, reduzir a Ansiedade.

Em Síntese, 80% dos casos, são possíveis ter uma melhora significativa da qualidade de vida por meio do tratamento através da Psicoterapia. 
O autoconhecimento reduz a Ansiedade e também ajuda a assumir maiores riscos (por meio de técnicas terapêuticas), gerando maior tolerância a sensações de ansiedade.