Operação envolve homens da brigada de Dourados e de dois regimentos do Exército; índios temem pressão para desocupação de fazendas invadidas em 2016 no município de Caarapó

A mobilização de carros, caminhões e até um helicóptero do Exército causou alvoroço na manhã desta terça-feira (22) na comunidade indígena de Caarapó, a 283 km de Campo Grande. A movimentação faz parte de uma operação para testar na prática a utilidade do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), mas a passagem dos veículos deixou os índios preocupados, já que temiam uma nova investida para desocupação de fazendas invadidas desde 2016.
No dia 9 de abril deste ano, tropas do Exército e equipes da Polícia Federal e da Polícia Militar foram acionadas para cumprir a reintegração de posse de duas propriedades em Caarapó, mas o despejo foi suspenso pela ministra Cármem Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal).
Na manhã de hoje, a passagem dos carros do Exército por uma das estradas de acesso a Laguna Carapã, que corta a área de conflito, e o sobrevoo do helicóptero, fez muitos índios acreditarem que seria uma nova operação para reintegração, como narrou um professor que trabalha na escola da Aldeia Tey Kuê.
Entretanto, a 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada do Exército em Dourados informou que os exercícios fazem parte do exercício de validação do Sisfron, cujo projeto-piloto está sendo implantado em Mato Grosso do Sul desde 2012.
Para avaliar o desempenho do sistema em uma operação tática, pelo menos 500 homens da Brigada Guaicurus, em Dourados, do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizada, em Bela Vista, e do 11º Regimento, em Ponta Porã, participam da operação utilizando 145 veículos militares.
Com os seguidos cortes de recursos feitos pelo governo federal, o Sisfron está atrasado. Em março deste ano, o presidente Michel Temer cortou R$ 60 milhões do projeto.
Só 10% dos recursos previstos foram liberados até o ano passado. Mesmo assim, segundo o Exército, 60% do cronograma foi concluído e estimativa, pelo menos até agora, é de o projeto ficar totalmente operacional até dezembro deste ano.