Cinco suspeitos de envolvimento em uma organização criminosa que teria fraudado obras da usina Angra 3 foram soltos na manhã de sábado (8) do Complexo Penitenciário de Gericinó, onde cumpriam prisão preventiva.

Cinco suspeitos de envolvimento em uma organização criminosa que teria fraudado obras da usina Angra 3 foram soltos na manhã de sábado (8) do Complexo Penitenciário de Gericinó, onde cumpriam prisão preventiva. Na decisão, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, considerou que eles exerciam pouca influência sobre o esquema, além de terem confessado espontaneamente sua participação.
“No curso da instrução criminal foram colhidas evidências que levam este juízo a crer que os requerentes possuem, no máximo, participação de pequena relevância no esquema criminoso instalado na Eletronuclear. Conforme restou esclarecido, pelo menos até o momento, a liderança do esquema era realizada primordialmente por Othon Luiz Pinheiro [ex-presidente da estatal], aparentemente não tendo os requerentes maior poder de decisão acerca das atividades ilícitas.”
Foram soltos os ex-dirigentes da estatal Eletronuclear Luiz Antônio de Amorim Soares, Luiz Manuel Amaral Messias, José Eduardo Brayner Costa Mattos, Edno Negrini e Pérsio José Gomes Jordani. Para Bretas, o tempo de prisão preventiva, de nove meses, foi “excessivo”.
O magistrado publicou na decisão que Luiz Soares e Luiz Messias confessaram espontaneamente os fatos que lhes foram imputados. Já Edno Negrini e Pérsio Jordani, “embora presos preventivamente, sequer eram alvos de apuração interna da Eletrobras [proprietária da Eletronuclear]”, diz a decisão.
Os cinco foram acusados com mais dez pessoas pela Operação Pripyat, que é um aprofundamento da Operação Radioatividade, uma das etapas da Lava Jato. A denúncia foi oferecida pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, em julho do ano passado. A operação investiga contratos da Eletronuclear com as empresas Andrade Gutierrez, Engevix e Flexsystem.
Uma nova denúncia foi oferecida contra os cinco em março deste ano. No processo, a suposta organização criminosa, que incluiria também dois sócios da VW Refrigeração, é acusada de crimes de lavagem de dinheiro. Contratos fraudulentos com a empresa de refrigeração teriam sido firmados para receber propina da construtora Andrade Gutierrez.
Esquema
Segundo as investigações, o grupo fez pelo menos 27 saques não identificados e depósitos entre 2010 e 2016 nas contas dos executivos, que estariam movimentando e dissimulando a origem de recursos destinados à construção da Usina Nuclear Angra 3.
“As saídas das contas da VW Refrigeração e os depósitos para os ex-gestores da Eletronuclear são suficientes para demonstrar que Negrini, Soares, Messias e Jordani, com a supervisão de Costa Mattos, se beneficiaram da lavagem de dinheiro da propina pela Andrade Gutierrez usando contratos fraudulentos com a VW Refrigeração”, afirmam os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) responsáveis pela denúncia.
O ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pereira da Silva foi condenado a 43 anos de prisão em agosto do ano passado. Ele cumpre pena pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, embaraço às investigações, evasão de divisas e participação em organização criminosa. A decisão que levou Silva a prisão também foi do juiz Marcelo Bretas. O ex-presidente da estatal foi acusado pelo MPF de receber 1% de propina sobre os contratos firmados entre a empresa e as construtoras Andrade Gutierrez e Engevix para a construção de Angra 3.