Entre amor e ódio, 29 anos depois da novela Pantanal, mulheres homenageadas com nome da protagonista ainda são alvo de piadinhas

Em novela de vida real, as Jumas se casaram e não viraram onças
Juma Caires e o marido, que não é o Joventino Leôncio. / Foto: Arquivo Pessoal

Quem por aí tem o nome inspirado em personagem de novela? A modinha passa e muita gente convive com a homenagem entre o amor e ódio. O Lado B encontrou Jumas que não são Marruás. Algumas amam o nome e outras prometeram aos pais mudar a certidão de nascimento na primeira oportunidade. A diferença é que na vida real, umas se casaram com seus “Joventinos”, outras tiveram filhos, mas nenhuma vira onça pintada.

Há exatos 29 anos, o país inteiro assistia a Pantanal, um marco da TV brasileira. A trama foi praticamente toda gravada em externas, fazendo de sua paisagem o Pantanal sul-mato-grossense.

Apesar da história baseada no fascinante folclore da região Pantaneira, a primeira personagem entrevistada é nascida e criada em Campinas, bem longe do “mato”. 

A paulista Juma de Oliveira nasceu no dia 13 de maio de 1990. Ela conta que, no seu caso, a homenagem foi dupla, pois a bisavó materna tinha o mesmo nome. A jovem frisa que nunca conheceu, pessoalmente, outra Juma, a não ser pelo Facebook.
 
“Meu pai quem escolheu meu nome. Foi uma homenagem dupla já que minha bisavó materna, que era indígena, se chamava Juma. Meus pais gostavam muito dela e decidiram homenageá-la. Na mesma época do meu nascimento, a novela era sucesso e então a decisão foi tomada. A única Juma que conheço é pelo Facebook. Ela me adicionou por ter até o mesmo sobrenome ‘Oliveira’”, conta.

Atualmente, casada, a jovem é formada em jornalismo, mas trabalha como analista de conteúdo em uma empresa multinacional de tecnologia. Entre muitas piadas no decorrer da vida, o “você vira onça?” é a mais marcante.

“Passei a vida toda com as pessoas fazendo referência a personagem da novela, principalmente, os mais velhos. Mas já acostumei”, ressalta.
 
Nascida no dia 16 de agosto de 1990, quase no meio do enredo, a auxiliar administrativo Jumas Caires jurou que mudaria de nome assim que completasse 18 anos. Apelidada de “Marruá” desde a infância, a jovem admite que só a maturidade a fez aceitar o nome.

“O pessoal nem me chama de Juma, só de Marruá. Até hoje passo estresse no telefone. Eu Demorei muito tempo para aceitar e cresci falando mudaria meu nome. Mas depois da maturidade fui aceitando mais, afinal minha mãe e meu avô tinham escolhido com carinho”, conta.

A zoeira acontece até dentro de casa. “Um dia fui visitar uma tia, que mora próximo ao local onde uma onça foi capturada, e ela começou a falar: Tira sua irmã de lá!”, conta a jovem que também é casada e tem uma Júlia como filha.
 
Diferente das outras, Juma Coelho é solteira e foi a única a dizer que é apaixonada pelo nome. Nascida no dia 4 de julho de 1990, a coxinense fez o mesmo que o pai e se inspirou na novela “A Usurpadora” para dar nome a filha, hoje com 5 anos.

“Meu pai era muito fã da novela e da Juma. Ele me conta que meu nome seria Maria Maristela, mas no dia de me registrar não deixou de jeito nenhum e me registrou como Juma. Eu sou apaixonada pelo meu nome e minha filha se chama Paola, inspirado na personagem protagonista da novela A Usurpadora, Paola Bracho”, explica.

Com garra de uma Marruá, Juma se divide entre cuidar de casa e de um bar às margens da BR-163, rodovia que corta o Estado. Aos 28 anos, conta que é atração desde o nascimento e nem os médicos da cidade a esquecem.

“Quando eu nasci todo mundo falava, virei sensação no hospital. Os médicos não me esquecem até hoje”, lembra.

Pelo público, a telenovela será para sempre lembrada como a que bateu a audiência de tramas globais, da época. Transmitida pela primeira vez de 27 de março a 10 de dezembro de 1990, na Rede Manchete, a novela voltou a bater recordes de audiência durante a reprise em 2008, pelo SBT.

A novela apresentou Cristiana Oliveira, Marcos Winter, Cláudio Marzo, Jussara Freire, Antônio Petrin, Luciene Adami, Marcos Palmeira, Paulo Gorgulho, Sérgio Reis, Almir Sater, Ângelo Antônio e Cássia Kis e nos papéis principais.