Os técnicos administrativos da UFGD e do Hospital Universitário retornam aos postos de trabalho nesta quinta-feira (15). Este será o marco inicial da suspensão da greve que durou aproximadamente 50 dias e teve duas pautas principais: o combate a PEC 241 (PEC 55 no Senado) e o descumprimento do Acordo de Greve de 2015 por parte do MEC.

Por conta das pautas, a greve foi atípica, começando na UFGD em 24 de outubro, mas já com previsão de data para acabar, na última votação da PEC no Senado, prevista para 13 de dezembro.

Contra a PEC, os servidores realizaram diversas atividades, manifestações públicas e mesmo a busca de apoio entre os parlamentares de MS para que votassem contrários à Proposta. Porém, ela acabou sendo aprovada pelo Congresso Nacional, com a segunda votação realmente sendo realizada ontem (13) no Senado.

Sobre o descumprimento por parte do MEC do Acordo de Greve de 2015, Acordo homologado judicialmente e que não foi integralmente atendido, o Ministério sequer abriu agenda para discutir essa pauta com o movimento.

Diante desse resultado, a categoria suspende a greve, mas prossegue mobilizada em Estado de Greve, conforme decidido na assembleia realizada em 12 de dezembro. Durante o Estado de Greve, os servidores continuam trabalhando, mas serão feitas mobilizações nacionais com outras categorias com foco, principalmente, no combate à Reforma da Previdência.

Logo para o início de 2017, a Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil) deve fazer nova avaliação para que a categoria decida sobre o retorno da greve, tendo em vista os novos elementos de ataque do Governo Federal aos direitos da população.

Para Cleiton Rodrigues de Almeida, um dos coordenadores do Sintef (Sindicato dos trabalhadores em Educação das Instituições Federais) e membro do Comando Local de Greve, o movimento grevista entende que cumpriu o seu papel de lutar e de provocar a discussão na sociedade.

"Hoje avaliamos que nos últimos meses aumentou significativamente a quantidade de pessoas que já sabem do que tratam essas PECs e quais os principais efeitos que terão na sociedade. Portanto, o movimento paredista entende a suspensão da greve como um recuo estratégico neste momento, para que seja feita uma reavaliação, inclusão de novas pautas e para rever as estratégias de luta. O Estado Greve será mantido até que sejam feitas novas deliberações", afirmou Cleiton.

Essa é a mesma linha de pensamento do movimento nacional. De acordo com o Informe de Greve do Comando Nacional de Greve (IG Nº 03 - 08/12/2016), o retorno ao trabalho em 15 de dezembro, mantendo o Estado de Greve, "visa preservar o patrimônio político e organizativo conquistado na luta histórica da FASUBRA, evitando retaliações ao movimento que dificultem a retomada do protagonismo da categoria no necessário enfrentamento em 2017. Ainda, o Estado de Greve é essencial para organizarmos o enfrentamento à Reforma da Previdência, articulado à necessária luta para que na Lei orçamentária do próximo ano seja garantida previsão de revisão salarial para 2018, assim como a exigência de cumprimento integral do nosso Acordo de Greve de 2015. Assim, a Categoria deve avaliar a suspensão do movimento não como o recuo da luta, e sim como uma estratégia de fortalecimento, pois novos embates virão num futuro próximo, com a ampliação dos ataques aos direitos dos trabalhadores".