Funcionários abusam da água, filtro solar e ambientes com ar condicionado ganham preferência.

Com calor beirando os 40ºC, até comércio perde com alta temperatura
Temperatura beirando os 40ºC e sol forte no centro da cidade: vale tudo para tentar amenizar o calor. / Foto: Henrique Kawaminami

Com sensação termica beirando os 40ºC e baixa umidade do ar, enfrentar a região central de Campo Grande é desafio para poucos. Os que não têm escapatória, como os funcionários das lojas, tentam driblar o mal-estar provocado pelo calor com muito líquido, proteção e escapadas estratégicas para ambientes com ar condicionado.

O vendedor da Loja Romera, Eliezer Gomes de Oliveira, 40 anos, começou a trabalhar na empresa há três meses e começou a sentir os efeitos do forte calor no último mês. Antes, na hora do almoço, aproveitava o intervalo para almoçar por perto e andar um pouco.

Desde que as temperaturas se elevaram a índices quase desérticos, mudou o hábito. “Comprei marmitex de cara que passou aqui, não dá, a gente fica até irritado com esse calor”. As vendas também foram afetadas: houve redução no movimento e quem procura a loja, procura ar condicionado, ventilador ou umidificador.

A promotora de vendas da Oi, Thaís Cristina Talasso, 23 anos, trabalha das 8h30 às 17h30 e diz que o pior período é das 12h às 15h. “Direto eu vejo gente passando mal, vai sentar no sofá da loja, toma uma água para se recuperar”, contou.

Thaís toma mais de quatro litros de água por dia e come alimentos leves para evitar o mal-estar. Mesmo com esses cuidados, também sucumbiu ao calor: ontem, ela passou mal e precisou ficar sentada um tempo. 

Thaís diz que o movimento no centro nos horários de pico (manhã e hora do almoço) caiu nas últimas semanas. “As pessoas não estão vindo para o centro para comprar, preferem shopping, mesmo que mais caro, acho que pela comodidade”.

Trabalhando com panfletagem, Bruno Henrique Demschinski, 16 anos, é obrigado a ficar em movimento na região central, próximo da Rua Barão do Rio Branco. O rapaz trabalha até 12h e, para fugir do sol, atravessa a calçada em busca da sombra. Além disso, usa blusas de manga comprida e filtro solar. “Eu estava me queimando muito”. E, sempre que pode, bebbe muita água. "A loja recomenda, eu bebo a cada 20 minutos".

A vendedora de roupas da Anne Modas, Antônia Alves Rodrigues, 45 anos, pode ser considerada agraciada pelas condições de trabalho: a loja tem potente ar condicionado, o que atrai a clientela. Na semana passada, o equipamento estava em manutenção e isso até afetou o movimento. “Tinha gente que não queria nem experimentar roupa, porque estava suada”.

A zeladora Roselita de Melo, 58 anos, se viu obrigada a ir ao centro da cidade para pagar contas e cortar o cabelo. Para isso, saiu munida de sombrinha, água e praticidade: levou 40 minutos para resolver o que tinha que fazer e estava voltando para casa, no bairro Morada Verde. “Esse calor incomoda muito, tinha que vir, mas já vou embora”, disse.

Para quem não pode contar com o ar condicionado e precisa enfrentar ambientes abertos, vai ser preciso coragem e proteção. A previsão para os próximos dias em Campo Grande é de temperatura de até 39ºC,mas sensação térmica acima dos 40ºC.