"Inaugurado" em março de 2012, o projeto se reduz a uma área com muito mato

Cidade dos Ônibus: um grande matagal separa discursos da realidade

Sob uma tenda para se protegerem do Sol, diversas autoridades discursam sobre ganhos ambientais, mobilidade urbana e visão de futuro. A cena se passa na manhã de 29 de março de 2012, um dia quente de início de outono em Campo Grande, na frente de uma área de 20 hectares, perto do Anel Rodoviário. As falas dos políticos viajam no tempo e apresentam uma cidade menos poluída e com menos transtorno no trânsito.

Desde então, o máximo de “avanço” no projeto foi a instalação de um pequeno outdoor, onde se lia: “Aqui será instalada a Cidade dos Ônibus”. A estrutura continua em pé, mas está cercada por mato e não há mais nada que identifique o local: o material com as inscrições não resistiu à ação de ventos e chuvas e foi levado pelo tempo.

O projeto previa investimento de R$ 75 milhões da iniciativa privada e criação de 1.126 postos de trabalho. No espaço de 20 hectares, haveria garagens de ônibus, com oficinas, alojamentos, posto bancário e de combustível. No entanto, a concretização desse empreendimento aparenta estar mais distante do que estava em 2012, quando foi anunciado.

Também é grande a distância entre discursos e realidade. “A retirada de 1,2 mil ônibus do centro da cidade representa menos poluição e menos transtorno... Economia dos insumos que se utiliza na lavagem do ônibus para componente ambiental. Fala mal quem não é visionário, no sentido de vislumbrar, pelo medo do futuro, porque não são ousados”, afirmou naquela manhã do dia 29 de 2012 o então prefeito Nelsinho Trad.