Uma bezerra nasceu com duas cabeças em uma fazenda no município de Nhamundá, a 383 quilômetros de Manaus, na manhã desta terça-feira (30). O caso, considerado extremamente raro, rapidamente chamou atenção de moradores da região e de especialistas em medicina veterinária por se tratar de uma condição congênita incomum em bovinos.

O fenômeno é conhecido como dicefalia, também chamada popularmente de “duas faces”. A anomalia ocorre quando há uma duplicação parcial das estruturas faciais ainda nas primeiras fases do desenvolvimento embrionário. Apesar de apresentar duas cabeças, o animal possui apenas um corpo, o que costuma indicar comprometimentos internos severos.

Vídeos enviados ao Portal AM POST mostram o fazendeiro tentando alimentar a bezerra com uma mamadeira. Nas imagens, é possível observar que, ao colocar leite em uma das bocas, o líquido acaba vazando pela outra, sinal de que os sistemas digestórios não funcionam de forma independente. Esse tipo de característica reforça o diagnóstico de malformação grave.

De acordo com especialistas, a dicefalia está frequentemente associada a falhas genéticas durante o desenvolvimento do embrião, incluindo alterações em genes responsáveis pela formação correta das estruturas corporais. O erro acontece logo nas primeiras divisões celulares, quando o embrião inicia o processo de diferenciação dos tecidos.

Além dos fatores genéticos, a condição também pode estar relacionada a causas ambientais. Exposição a toxinas, infecções virais, uso inadequado de medicamentos veterinários durante a gestação ou até deficiências nutricionais da matriz são apontadas como possíveis fatores de risco. Em muitos casos, no entanto, a origem exata da malformação não é totalmente esclarecida.

Casos como esse geralmente têm prognóstico reservado. Animais com dicefalia costumam apresentar órgãos internos subdesenvolvidos ou compartilhados, o que limita drasticamente a sobrevivência. Na maioria dos registros semelhantes, a expectativa de vida varia de poucas horas a alguns dias após o nascimento.

No Amazonas, episódios de malformações congênitas em animais já foram registrados em outras espécies nos últimos anos, sempre despertando curiosidade e debates sobre saúde animal, meio ambiente e práticas de manejo.