A publicação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), feita no domingo (2) no X (antigo Twitter), gerou repercussão internacional e resposta direta do advogado Martin de Luca, que atua na defesa do presidente norte-americano Donald Trump.
                                                De Luca criticou o posicionamento do ministro sobre o “equilíbrio entre o enfrentamento das facções criminosas e a redução da letalidade das operações policiais”, interpretando a fala como uma tentativa de minimizar a gravidade das ações do crime organizado no Brasil.
Em sua resposta, o advogado publicou um texto contundente, sugerindo que o Supremo Tribunal Federal tem se distanciado da percepção popular e passado a agir de forma condescendente com o crime organizado.
Resposta de Martin de Luca (na íntegra):
“É revelador que o Ministro @gilmarcmendes se tenha sentido compelido a explicar por que o Supremo Tribunal Federal está agindo dessa forma. Quando os ministros do STF começam a se defender publicamente, é porque sabem que o público deixou de acreditar neles.
Os brasileiros estão cansados de viver sob o domínio do crime organizado. Eles querem proteção, não protocolos. E quando o Estado finalmente age, quando o governador do Rio e a polícia partem para o confronto com o Comando Vermelho, a primeira reação do STF foi investigar a polícia.
Os EUA estão avaliando se devem designar o Comando Vermelho e o PCC como Organizações Terroristas Estrangeiras (FTOs) — enquanto parte do próprio Judiciário brasileiro age como se a verdadeira ameaça fosse a aplicação da lei.
Enquanto criminosos com drones e armamento militar venezuelano forem tratados como vítimas e aqueles que os combatem forem tratados como suspeitos, Gilmar e Alexandre de Moraes terão que explicar muito mais a sua lógica.
A declaração de Gilmar não visa explicar o raciocínio por trás do equilíbrio. Trata-se de uma tentativa de minimizar os danos e justificar o injustificável, à medida que a paciência do público com essa inversão moral finalmente se esgota.”
Reação nas redes e contexto
A resposta de De Luca repercutiu amplamente entre usuários brasileiros e estrangeiros, com milhares de interações em poucas horas. O advogado, que se apresenta como defensor de princípios conservadores e crítico de políticas progressistas no sistema judiciário, classificou a postura de Gilmar Mendes como “inversão moral” e associou o Supremo a uma suposta complacência com o crime organizado.
O comentário foi feito em meio às operações policiais de grande porte nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que têm como alvo o Comando Vermelho, facção apontada como uma das maiores organizações criminosas da América Latina.
A resposta também citou a possibilidade, em análise pelos Estados Unidos, de incluir o Comando Vermelho e o PCC em uma lista de Organizações Terroristas Estrangeiras (FTOs) — uma proposta que vem ganhando força no Congresso norte-americano.
De Luca argumentou que, enquanto os EUA discutem medidas mais duras contra o narcotráfico internacional, o Judiciário brasileiro, segundo ele, estaria preocupado em impor restrições à ação policial, o que classificou como “um erro estratégico e moral”.
A manifestação pública de Martin de Luca marca um raro episódio em que um advogado ligado a uma figura internacional de peso, como Donald Trump, se pronuncia diretamente sobre decisões e posicionamentos de ministros do Supremo brasileiro.
A fala de Gilmar Mendes, por sua vez, foi feita em um contexto de tensão crescente entre o STF e as forças de segurança estaduais, especialmente após decisões da Corte que restringem o uso de operações em áreas densamente povoadas.
Enquanto parte da opinião pública, sobretudo entre moradores de comunidades, apoia as ações da polícia contra o Comando Vermelho, com índices de até 87% de aprovação segundo o Instituto AtlasIntel, o debate sobre os limites da força policial e a atuação do Judiciário segue polarizando o país.