Autoridades brasileiras também participaram da reunião para debater proteção ao meio ambiente.

A ministros europeus, Jaime Verruck destaca força dos estados para cumprir Acordo do Clima

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, participou, nesta quinta-feira (15), de um encontro virtual com 29 ministros conselheiros da Comunidade Europeia. O gestor destacou a força dos estados para cumprir o Acordo do Clima. 

A reunião fez parte do encontro do Centro Brasil no Clima. Jaime destacou apostar nas iniciativas subnacionais (comandadas por estados e municípios) para levar o Brasil ao cumprimento das metas do Acordo de Paris pela redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa. 

“Eu acredito, plenamente, que os estados têm projetos e ações suficientes para cumprir as metas brasileiras propostas pelo governo federal. Isso tem que ser estabelecido em termos de governança, em levantamentos, em demonstração”, disse Verruck. 

A reunião contou com a participação de autoridades de vários estados brasileiros, sobretudo da região Amazônica. O governador do Maranhão, Flávio Dino, falou em nome dos nove governadores do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal e apresentou o Plano de Recuperação Verde da Amazônia Brasileira, com foco em quatro eixos: freio no desmatamento ilegal, incentivo à produção sustentável, criação de polos de inovação e tecnologia e investimento em infraestrutura para melhorar a qualidade de vida nas cidades da região, o que desestimularia a investida contra a floresta em busca de renda.

Representantes de outros estados também se pronunciaram. O último a falar – e cujo estado não está inserido na região Amazônica – o secretário Jaime Verruck relatou iniciativas de Mato Grosso do Sul e de outros estados que vão ao encontro dos esforços do mundo todo no cumprimento das metas para redução dos GEEs (gases do efeito estufa). O secretário destacou que o agronegócio brasileiro é sustentável, porém precisa provar isso ao mundo, e relatou uma importante iniciativa de Mato Grosso do Sul nessa área.

“Em Mato Grosso do Sul temos um projeto de bioeconomia no Pantanal porque a gente entende que o desenvolvimento de novos produtos, de inovação em bioeconomia, são o caminho pra dar sustentabilidade a essas áreas mais sensíveis do país. Aqui, especificamente, desenvolvemos uma plataforma junto com a Embrapa que é a Carne Carbono Neutro, que hoje é reconhecida internacionalmente. E onde é que estamos produzindo essa carne? Nas áreas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta.”

Verruck destacou, ainda, eixos estratégicos que são praticamente unificados em todo o país, citando especificamente a busca por certificação dos produtos. “Quero pontuar a questão do mercado, que são as cadeias globais e a busca de certificação. Percebemos claramente que, quando temos um produtor vinculado às cadeias globais, muitas vezes ele já começa a ter restrições ou, pelo menos, a obrigação da certificação em relação a seus produtos, e consequentemente, acaba adotando boas práticas. Mas a grande maioria dos produtores não estão inseridos diretamente, sob o ponto de vista contratual, com essas grandes cadeias globais. Estão inseridos sob o ponto de vista de mercado. E os estados têm feito alguns mecanismos de rastreabilidade e certificação.”

Por fim, outro ponto que ganhou destaque no pronunciamento do secretário é com relação ao CAR (Cadastro Ambiental Rural). No seu entendimento, só a implementação do CAR já representaria um esforço suficiente para cumprir as metas do Acordo de Paris.

“A conta é muito simples: se nós, hoje, tivéssemos 100% das propriedades brasileiras já com os cadastros analisados e feitos os programas de regularização ambiental, 20% do território do Cerrado estaria protegido ou estaria sendo regularizado; 50% do território da Amazônia estaria protegido ou sendo compensado, igualmente no Pantanal, 50% protegido ou regularizado. E isso pelo setor privado, por aqueles que são os detentores da terra. Só isso seria suficiente para demonstrar que o Brasil tem, na sua base territorial, uma sustentabilidade. Só que estamos demorando muito tempo para fazer essa regularização, porque falta gente, falta tecnologia.”

A fala de Verruck foi comentada por vários participantes. O fundador e consultor especial do Centro Brasil no Clima, Fábio Feldman, corroborou as palavras do secretário destacando a importância de se estreitar o relacionamento com os estados que são, por fim, os principais atores na estratégia de ações que possam reduzir a emissão de GEEs. A chefe da Delegação da União Europeia no Brasil, Ana Beatriz Martins, classificou o encontro como “estimulante” e elogiou as realizações dos estados, desejando que continuem agindo em defesa do meio ambiente.