8 palavras e expressões discriminatórias para eliminar do dicionário
As palavras muitas vezes são instrumento de ofensa sem saber. / Foto: ArtFile.Ru

O 'políticamente correto' também está na língua portuguesa. Além da importância de neutralizar as referências pronominais em algumas frases como forma de combater o machismo presente no nosso idioma, algumas palavras também podem e devem ser substituídas. Isso porque algumas delas têm significado que estigmatiza e pode carregar de preconceito a ideia que se tenta passar, mesmo que não haja intenção de ofender.

A formação das palavras e a inserção delas nos dicionários estão bastante relacionadas ao uso popular, principalmente em períodos em que a igualdade entre diversos segmentos da sociedade era ainda pior que atualmente. E como o uso dessas palavras podem atravessar gerações, o uso inconsequente de algumas acaba alimentando um ciclo de discriminação por meio da linguagem. Por exemplo, quando utilizamos a palavra 'judiar', como sinônimo de 'maltratar', sem termos a menor noção de que é um termo extremamente ofensivo para judeus.

Portanto, como as palavras machucam ( e como) e alimentam esse ciclo de discriminação, o MidiaMAIS procurou algumas dessas expressões e palavras de uso bastante comum que simplesmente devemos eliminar do nosso dicionário e propõe a substituição. Confira na lista!

1. 'Denegrir'

A palavra que significa 'tornar negro ou impuro' é claramente racista. Largamente utilizada desde o período em que o Brasil era escravocrata, 'denegrir' é uma palavra cujo sentido pode ser facilmente substituído por 'desqualificar' ou 'caluniar'. Desta forma, mantém-se o sentido da frase e esquiva-se do racismo embutido.

2. 'Judiar'

A palavra que tem sentido de 'atormentar' ou 'maltratar' e até mesmo 'zombar' refere-se, na verdade, ao povo judeu, que historicamente foi vítima de perseguições, inclusive vítima de um holocausto e dizimado em câmaras de gás nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

3. 'Mulherzinha'

Expressão utilizada para desmerecer uma atividade, é extremamente machista, já que é empregada quando alguém tenta reduzir a importância de uma reação ou atividade (chorar e trocar a fralda de um bebê, por exemplo).

4. Traveco

É uma forma pejorativa de referir-se à travestis e tem o mesmo sentido desdenhoso de quando usamos o sufixo 'eco' em 'jornaleco', por exemplo. Para referir-se corretamente a esta população, use o termo 'travesti' e sempre utilizando o artigo feminino ('a' travesti), nunca o masculino ('o' travesti).

5. Bicha

Bicha, veado, veadinho... Todas as expressões que ridicularizam um homossexual não são ok de usar. É claro que esta população busca ressignificar a palavra (bichinha é quem é gay? Ok, eles têm orgulho de serem assim), mas estas expressões só podem ser utilizadas se houver intimidade entre os interlocutores.

6. Gordice​

"Gordo só faz gordice", diz o ditado preconceituoso e gordofóbico, já que 'gordice' é o termo utilizado para referir-se a qualquer trapalhada cometida por uma pessoa gorda - que curiosamente costumam ser as mesmas trapalhadas de pessoas magras. 'Gordice' nem está no dicionário, deveria sair também das nossas expressões.

7. 'Nego', 'neguinho' e 'nega'

Nego, uma corruptela de negro, é costumeiramente numa expressão referencial do tipo "mas nego gosta de uma confusão" ou "neguinho ta achando que pode" e ainda "não sou tuas nega". São expressões racistas, que são sempre utilizadas, na forma geral, para referenciar um mau comportamento. Risque da sua lista já!

8. Bugre

A palavra, que para muitos em Mato Grosso do Sul é sinônimo de índio, tem teor altamente racista, já que foi inicialmente designada para referir-se a estrangeiros numa visão etnocêntrica, ou seja, do ponto de vista do colonizador (civilizado), que estava diante de um 'primitivo' (pagão, sem alma, sem educação, civilidade, um sub-humano, na visão dos portugueses). Tem a mesma origem que o termo usado para designar os búlgaros na Europa antiga que seguiam os preceitos de uma ramificação da Igreja Católica não alinhada a Roma.