Para atender necessidades de rebanho, capim exótico foi plantado em áreas. Um plano emergencial foi lançado recentemente visando proteger o Pantanal.

Criação de gado de raça e substituição de pasto geram desmate no Pantanal
Criação de gado no Pantanal / Foto: Reprodução/TVCA

Mudanças na forma de criar gado no Pantanal mato-grossense são as maiore responsáveis pelo desmatamento na região. A pastagem nativa foi substituída pelo capim exótico para atender as necessidades do rebanho, pois, no lugar do gado considerado tradicional, está sendo criado o gado da raça nelore, segundo o coordenador de Conservação e Restauração de Ecossistemas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Elton Antônio Silveira.

Esse e outros problemas identificados no maior planície alagável do mundo, também provocados pela instalação de hidrelétricas, barragens em rios e córregos, devem ser tratados a partir de um plano de ação emergencial elaborado pelo Comitê Executivo da Reserva da Biosfera do Pantanal, formado por representantes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Os peixes nativos dos rios do Pantanal também sofrem ameaça com a criação de peixes exóticos, como a tilápia e a carpa e outras espécies provenientes de outras bacias hidrográficas, principalmente a da Amazônia, como o tucunaré, pirarucu, tambaqui, pirapitinga, de acordo com o coordenador da Sema, órgão responsável pela emissão das licenças ambientais.

"As áreas mais afetadas são as de entorno, desde a região de Cáceres [a 220 km de Cuiabá] até a região de Itiquira [a 359 km da capital]. Essas áreas têm forte pressão para o desmatamento, substituição dos campos nativos por pastagens cultivadas e em muitos casos a agricultura intensiva com o cultivo de soja", afirmou.

Com base na Lei 8830/2008, conhecida como Lei do Pantanal, a Sema informou que tem preservado a  e restringido a implantação de empreendimentos de alto impacto na região, que possuem 11 unidades de conservação e áreas protegidas. Não são permitidas atividades econômicas de grande impacto ambiental, como a mineração, agricultura intensiva e agroindústrias, por exemplo.

Plano Emergencial
O Plano de Ação Emergencial para a Reserva da Biosfera do Pantanal, apresentado no dia 3 deste mês durante um evento na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), visa contribuir para a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies e variedades; fomentar o desenvolvimento econômico e humano que seja sociocultural e ecologicamente sustentado; apoiar projetos demonstrativos, educação ambiental e capacitação, pesquisa e monitoramento relacionados com os temas locais, regionais, nacionais e globais da conservação e do desenvolvimento sustentado, segundo o documento.

Além da Sema, esse grupo é composto por servidores das secretarias de Desenvolvimento Econômico (Sedec), de Cultura (SEC), de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (Seaf), além do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio), da Fundação Nacional do Índio (Funai) e de representantes de municípios inseridos nos limites da Reserva da Biosfera do Pantanal em Mato Grosso.

Foram estabelecidas algumas ações que devem ser colocadas em prática a curto, médio e longo prazo, entre elas a elaboração de planos para a proteção de espécies ameaçadas; programa de proteção de nascentes, desenvolvimento de atividades sustentáveis para as comunidades pantaneiras tradicionais e povos indígenas; estimular a criação de novas unidades de conservação e o monitoramento da qualidade das águas.